Por CAROLINA MACHADO
No dia 27 de novembro, o Dia Nacional de Combate ao Câncer, a professora Raimunda Noelina Rocha, de 38 anos, relembra os momentos vividos desde o dia que recebeu a notícia de que seu filho Davi Rocha, de 9 anos, estava com câncer.
Ele foi diagnosticado em julho de 2020, em São Paulo, com retinoblastoma, um câncer ocular que, em geral, acomete crianças de 0 a 5 anos. Mesmo sendo considerado curado da doença, até hoje ele faz acompanhamento periódico em São Paulo.
Noelina descobriu que o filho tinha câncer após seis meses de idas e vindas em médicos. O diagnóstico veio depois de ter sido encaminhado por médicos do Amapá à capital paulista por estar com a suspeita da doença. Ela lembra o impacto que a confirmação trouxe.
“Após receber o diagnóstico de câncer, meu filho foi encaminhado ao Itaci [Instituto de Tratamento do Câncer Infantil]. Quando cheguei na frente do Itaci, parece que abriu um buraco na minha frente. Me senti sem chão, mas não tive opção e segui em frente em busca da cura do filho”, lembrou.
De acordo com a professora, a trajetória do Davi na luta contra o câncer foi muito difícil. Ela chegou a ser alertada pelos médicos da possibilidade dele não suportar o tratamento. Mesmo assim, a Raimunda Noelina, que cria o menino sozinha, seguiu em frente.
“Não foi fácil. A primeira sessão de quimioterapia foi muito ruim pro Davi, que teve inúmeras reações. Quando ele ficou muito prostrado, ele chegou a pesar 11 quilos mesmo tendo 5 anos de idade. Meu filho precisou passar por radioterapia, retirar o globo ocular direito, usar uma prótese e passar por um transplante de medula óssea. É uma rotina bastante sofrida, mas tive Deus comigo e o Davi hoje está aqui”, lembrou.
Em 21 de maio de 2021, após concluir 28 sessões de radioterapia e ter obtido sucesso no transplante de medula, Davi tocou o sino que simbolizou o fim da luta contra o câncer. Emocionada, Noelina compara o momento com o nascimento do menino.
“Foi como se ele tivesse nascido, como se ele tivesse saído do furacão, como se o nosso barco que só afundava tivesse finalmente encontrado um porto para ancorar. Foi um dos dias mais felizes de toda a minha vida”.
Dois anos após Davi tocar o sino da vitória, dona Raimunda diz que reflete muito sobre as pessoas que recebem esse diagnóstico. Para ela, a situação é muito difícil, mas não o fim.
“Quando a gente recebe a notícia da doença, a gente pensa que não vai dar conta da situação. Mas a gente dá conta sim, principalmente por quem amamos muito. Vai doer, vai. Vai ser difícil, vai. Mas vai passar. Essa é a mensagem que tenho a passar pra todas as pessoas que enfrentam essa situação tão dolorosa que atinge o paciente e a todos da família”, declarou.
A mãe da criança também alerta os pais a sempre tirarem foto com flash direcionado aos olhos das crianças. Ela conta que o médico do Davi chegou a dizer que se ela tivesse tirado uma foto com flash a detecção da doença teria acontecido mais cedo.
“Então eu queria dar esse recado a todos os pais e mães, que sempre que forem fazer aquela foto do seu filho, que lembre de tirar com flash e observar se aparece um “olho de gato”, que é uma mancha esbranquiçada. Isso pode salvar a vida do seu filho”, alertou.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Amapá, até o mês de outubro de 2023 6 mil pessoas fazem acompanhamento na Unidade de Tratamento de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), localizado no Hospital das Clínicas Dr. Alberto Lima (HCAL). Mas a Secretaria estima que no Amapá o número seja maior pelo fato de pacientes optarem em se tratar na rede particular.