Por IAGO FONSECA
As comunidades do Arquipélago do Bailique necessitarão do envio de remessas de água doce por mais três a quatro meses, de acordo com estimativa da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa). Desde novembro o órgão envia semanalmente 200 mil litros de água para a região afetada pela salinização dos rios.
A estimativa considera o período de salinização anterior, que durou de outubro de 2022 a abril deste ano. Com a chegada das chuvas na região Norte, a companhia espera um aumento na força dos rios, para afastar as águas salgadas do Oceano Atlântico entre fevereiro e março e normalizar a situação do arquipélago.
“Se não normalizar nesse período vamos nos preparar para continuar levando água doce para a região até abril. As comunidades que ainda conseguem alguma água doce dependem do período da maré, próximas do Rio Amazonas, como o Limão do Curuá e o Igarapé Grande do Curuá, mas de modo geral o sal já atingiu todas as vilas”, afirmou o diretor da Caesa, Jorge Amanajás.
No início de novembro o fenômeno da salinização atingiu as comunidades do Bailique e do Sucuriju no município de Amapá. Pelo aumento do sal na água, não foi mais possível captar a água para a população, então foi iniciado o envio de água potável das Docas de Santana para a região.
Ao chegar ao Bailique por uma balsa, a água potável é distribuída entre as comunidades a partir da sede do arquipélago, a Vila Progresso. As 2 mil famílias recebem 100 litros de água potável semanalmente. Na Vila Sucuriju, já foram enviados 400 mil litros em novembro para 500 famílias.
“Com o início das chuvas também temos uma outra opção, que é a captação dessa água por caixas d’água de 2 mil litros. Quando chove podem utilizar essa água para consumo”, reforçou o diretor.
O projeto de captação e tratamento de água da chuva já foi instalado em algumas residências. A água captada por calhas passa por um processo dê tratamento com cloro e é armazenada nos reservatórios da população.
Testes de dessalinização
Uma máquina que retira o sal da água por meio de pressão está em testes há cerca de um mês no Bailique. O equipamento retira água de dez pontos de captação em canais próximos aos rios Amazonas, Gurijuba, Canal do Marinheiro e do Oceano Atlântico.
O líquido passa por medição para indicar os níveis de salinidade variável ao longo do tempo, para avaliar as condições de cada localidade.
“Começamos um procedimento de testes e os primeiros resultados são muito promissores. Se aprovado pelos técnicos vamos adquirir aproximadamente 25 equipamentos que serão a solução para o ano que vem já em definitivo. Não precisaremos levar água potável para lá”, explicou Jorge.