Famílias pagaram até R$ 12 mil por promessa de apartamentos, diz delegado

Vítimas estão procurando as autoridades, que tentam identificar os golpistas.
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Por IAGO FONSECA

A polícia ainda contabiliza quantas pessoas foram vítimas de um golpe que prometia cartões de crédito e apartamentos no conjunto habitacional Miracema, na Rodovia Norte-Sul, na zona norte de Macapá.

Elas pagaram valores de R$ 87 até R$ 12 mil para os golpistas, que afirmavam facilitar o cadastro na Caixa Econômica Federal – braço financeiro do Programa Minha Casa Minha Vida, do qual o Conjunto Miracema faz parte. Nos próximos dias deve ocorrer a entrega dessas unidades habitacionais com a presença do presidente Lula. 

Até a manhã desta quarta-feira (13), 15 pessoas entraram em contato com o Ciosp do Pacoval relatando a fraude. Destas, 5 oficializaram a denúncia como registro de Boletim de Ocorrência. A Polícia Civil, sob coordenação do delegado Ronaldo Coelho, faz o levantamento de quantas pessoas podem ter sido vítimas.

“A Secretaria de Habitação veio até a Polícia Civil, informou o que estava ocorrendo. E aí nós fomos ver que no nosso sistema já havia boletins de ocorrência, de pessoas registrando o golpe. E pessoas venderam a facilidade e chegaram a pagar, teve um registro que uma vítima chegou a pagar R$ 12 mil para poder dar o seu nome e ser enviado em um suposto cadastro”, afirmou o delegado.

Delegado Ronaldo Coelho coordena as investigações. Foto: Iago Fonseca

Entretanto a quantidade de vítimas pode ser muito maior, já que todas elas estavam em grupos de WhatsApp, com média de 150 participantes, administrados por pessoas que passaram a ser suspeitas da polícia.

Com a promessa de agilidade e garantia de um novo lar, Arina Neves, que mora com a irmã no Bairro Buritizal, pagou R$ 87 reais para uma amiga, que apresentou a proposta feita por uma terceira pessoa. Arina conta, ainda, que ambas foram enganadas por uma dupla de mulheres que administravam um grupo no WhatsApp.

“Fiz o Pix e mandei o comprovante, todas fomos enganadas. Teve gente que pagou R$ 8 mil. Esse valor foi para o cartão. Elas falaram que iriam ter um cartão da Caixa, que esse valor iria ser entregue para uma pessoa de dentro, não sei o nome. O apartamento ia ser garantido, mas esse valor era para a entrega dos cartões, no valor de R$ 10 mil, para a gente mobiliar a nossa casa”, relatou Arina.

A polícia identificou que há várias células com o mesmo modo de operar envolvidas na venda do falso cadastro em grupos diferentes e, portanto, não há somente um intermediador do golpe. Até o momento, não se sabe quantas pessoas podem ter pagado pela facilitação equivocada.

Sem citar nomes, a polícia informou que uma suspeita é administradora de um desses grupos da fraude. Ela já teria, inclusive, recentemente comprado um carro zero quilômetro e ido embora do estado. Os investigadores ainda estão confirmando essas informações.

A 3ª Delegacia de Polícia, que fica no Ciosp Pacoval, está responsável pelo caso, é para lá que as vítimas devem se dirigir, ou, ainda, fazer o registro através do BO virtual, da delegacia virtual.

Polícia orienta que vítimas procurem…

… a 3ª DP no Ciosp do Pacoval

“Essas pessoas foram lesadas conscientemente, porque sabiam que tem um cadastro, que tem um trâmite pra ser contemplado. Então, a pessoa achou por bem ir por um atravessador, o que é o erro. Aí, a pessoa com o sonho da casa própria tinha uma economia, e acabou perdendo a economia pra um estelionatário com uma boa lábia”, contou o delegado Ronaldo. 

As próximas ações da polícia será o pedido de prisão dos responsáveis pelo crime de estelionato, de acordo com o delegado.

“Uma vez comprovado todas essas etapas de uma investigação e identificados os autores, vamos pedir mandado de prisão para que essas pessoas respondam por esse crime que lesionou muita gente em Macapá”, afirmou Ronaldo.

Segundo a Secretaria de Habitação do Amapá, a denúncia para a Polícia Civil foi feita em maio, quando o golpe chegou ao conhecimento da pasta.

“Essa investigação iniciou, mas infelizmente só agora as pessoas estão procurando para fazer a denúncia. Não existe uma forma de facilitação, infelizmente é um estelionato”, concluiu a secretária Mônica Dias.

Seles Nafes
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