Da REDAÇÃO
O status de estado mais preservado do Brasil, ao longo das décadas, não tem se traduzido em compensações para o Amapá no chamado “Mercado de Carbono”. A contribuição da Amazônia para a captura de carbono virou um mantra no discurso de governadores da região na Conferência Mundial do Clima (COP28), que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes, em especial os governadores do Amapá, Clécio Luís (SD), e Helder Barbalho (MDB).
No debate do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Clécio deixou claro que o Amapá e a Amazônia Legal precisam de compensações mais expressivas por formarem o maior reservatório de carbono florestal do mundo.
“Estados como o Amapá e outros, que desmatam pouco, também precisam de incentivos para continuar conservando suas florestas e promover o desenvolvimento e a harmonia com o ambiente natural. Manter as áreas florestais e cumprir os padrões de carbono florestal requer investimentos contínuos, capacidade técnica e uma articulação política alinhada com a visão do desenvolvimento sustentável”, comentou.
“Vemos nos mercados de carbono de alta integridade social e ambiental uma possibilidade real de financiar nossas políticas de conservação”, complementou.
O debate discutiu os desafios do Mercado de Carbono para acessar financiamentos do Pnud. O administrador global do programa, Achim Steiner, também participou do debate.
O Mercado de Carbono segue uma lógica simples, de “pagar” com créditos os estados que mais contribuem com a captura de carbono. Os governadores defendem que os recursos sejam usados em desenvolvimento de comunidades, mas, principalmente, no enfrentamento do aquecimento global.
O crédito “Redd+” (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) não tem beneficiado os estados com alta cobertura florestal, sendo o Amapá o mais intacto deles.
“Temos sido penalizados por termos feito o dever de casa, que é preservar. E a pena é a mais dura para o povo que o preservou: a pobreza geracional. Apenas os estados que desmataram muito têm o potencial de receber esse financiamento, enquanto que estados que conseguiram manter as suas florestas em pé com esforços próprios não conseguem acessar o recurso do Redd”, queixou-se o governador.
Amapá, segundo ele, precisa os créditos do Redd para “implementar suas políticas e melhorar a qualidade de vida dos povos das florestas, ribeirinhos, indígenas, quilombolas ou da Amazônia Rural. A população do Amapá precisa de desenvolvimento, segurança alimentar, oportunidades econômicas e sociais.