Movimento afirma que hidrelétrica encharcou solo e quer compensações

Movimento se baseia em um estudo da Unifap para questionar estudo de impactos ambientais do empreendimento energético.
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Por CAROLINA MACHADO

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Amapá questiona o estudo de impacto ambiental da Usina Hidrelétrica (UHE) Cachoeira Caldeirão, realizado em 2015.

Para contestação, o grupo tem como base um estudo realizado pela Universidade Federal do Amapá (Unifap) que aponta comunidades próximas, como a do Bambu, Areinha e Sapo Seco, localizadas no médio Araguari, impactadas pela hidrelétrica.

De acordo com o coordenador do Movimento, Moroni Guimarães, a pesquisa da instituição de ensino superior, realizada em julho deste ano pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento da Unifap, cita que no Rio Araguari existem rochas atualmente a 12 metros de profundidade. Esses mesmos rochedos, em 2010, eram expostos, podiam ser vistos no leito do rio. Esse resultado indica alteração no nível do rio.

Ele cita também que o estudo detectou “paliteiros” nos igarapés de acesso ao Rio Araguari.

Eles afirmaram que vão protocolar pedido de providências no MPE e MPF

“Esses paliteiros são árvores mortas que só têm no lago da hidrelétrica. E eles foram encontrados fora do reservatório da hidrelétrica, a aproximadamente 15 quilômetros da área da Cachoeira Caldeirão. Então, isso coloca em dúvida o estudo de impacto ambiental da Cachoeira Caldeirão, que foi concluído antes do término da construção da hidrelétrica. Então, as comunidades foram atingidas pelo barramento da Hidrelétrica Cachoeira Caldeirão”, afirmou Guimarães.

Segundo ele, antes da UHE, muitos moradores da região produziam farinha para vender e garantir uma renda familiar, mas com o impacto do empreendimento energético, eles não conseguem mais cultivar a mandioca, porque o produto se estraga antes de ficar maduro – devido ao solo permanentemente encharcado. Ele cita também a ocorrência de morte de peixes em algumas propriedades.

“A UHE alega que essas comunidades ficam fora da área de abrangência do lago artificial. Mas agora esse estudo demonstra que essas comunidades estão diretamente afetadas pela Cachoeira Caldeirão, o que sempre foi negado pela UHE”, contesta.

Para Guimarães, o estudo servirá como documento para reivindicar os direitos das famílias afetadas.

“A gente tinha o conhecimento empírico. A comunidade ribeirinha e os pescadores conhecem a realidade e sabem que foram atingidos. Mas, agora, com esse estudo da Unifap, temos como comprovar isso cientificamente”.

Diante da situação, o MAB pretende solicitar aos Ministérios Públicos Estadual e Federal providências para compensar os atingidos pelos impactos.

“E se tiverem dúvidas, queremos que façam um novo estudo ambiental que, com certeza, vão constatar que as comunidades foram atingidas pelo empreendimento”, finalizou Moroni Guimarães.

Seles Nafes
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