“Sempre quis ser advogado”, diz egresso do sistema prisional que fará o Enem no AP

Provas serão aplicadas para 66 pessoas que cumprem penas em vários regimes
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Por CAROLINA MACHADO

Sessenta e seis pessoas que passaram pelo Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (9) participaram do aulão de encerramento do cursinho preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que tem data diferenciada para público do sistema prisional. Um deles é o Jefferson Almeida, de 40 anos.

Ele cumpriu pena de 15 anos e está em liberdade condicional, ou seja, pode responder ao processo fora da cadeia se cumprir determinadas condições impostas pelo juízo. Ele conta que passou o ano se preparando para o Enem com o objetivo de se formar em Direito.

“A minha vontade sempre foi de me tornar um advogado. Eu não entrei agora na faculdade por questões financeiras. Mas me dediquei muito nesse ano para fazer uma boa prova e alcançar esse objetivo”, afirmou.

Jefferson Almeida passou 22 anos fora da sala de aula, e pensou que não fosse se adaptar às aulas. Mesmo assim, focou no objetivo e se empenhou nos estudos.

“No primeiro momento, achei que eu não ia me adaptar, mas depois de duas semanas comecei a gostar novamente e me empenhei cada vez mais. E agora estou muito confiante em ser aprovado e vou em busca disso, porque acredito que a educação é a melhor porta que a gente pode entrar para podermos realizar os nossos sonhos e objetivos”, declarou.

Homens e mulheres de cinco regimes penais diferentes farão o Enem. Fotos: Carolina Machado/SN

Ele concilia a rotina de estudos com o trabalho de confecção de uniformes e conserto e manutenção de celular.

“É uma rotina puxada, mas com o apoio que recebo da minha família estou sempre estudando para ser aprovado”, relatou.

O curso preparatório foi oferecido pelo Escritório Social do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Seed), a pessoas que cumpriram ou ainda estão cumprindo penas em cinco regimes penais distintos, como o aberto ou o semiaberto.

Para coordenadora da Educação Básica e Educação Profissional da Seed, Arnanda Oliveira, a iniciativa é importante para o realinhamento dos projetos de vida dos egressos.

“Essas pessoas estão tendo uma oportunidade de fazer um realinhamento de seus projetos de vida e de estratégias para realizar os seus sonhos. A gente acredita que através da educação elas possam se fortalecer e alcançar todos os objetivos que elas traçarem para a vida delas”, declarou.

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As provas do Enem serão aplicadas aos egressos no Escritório Social do Tjap, dias 12 e 13 de dezembro. De acordo com a gestora do Escritório, Anne Sanches, é a primeira vez no Brasil que um escritório social é polo de aplicação de prova do Enem para egressos do sistema prisional.

“E, além de aplicarmos essa prova, fizemos um cursinho preparatório para que essas pessoas estejam qualificadas para fazer. Então isso é uma inovação e temos a intenção de fazer essa parceria com o Governo do Estado fazermos isso anualmente”, concluiu.

Seles Nafes
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