Por SELES NAFES
Um dos casos mais chocantes da crônica policial no Amapá se desenrola agora na justiça criminal. É a ação penal contra o assassino confesso da professora aposentada Odete Penafort, de 74 anos, estuprada e morta em abril deste ano. Nenhuma das testemunhas arroladas pela defesa compareceu à audiência de instrução e julgamento do último dia 29.
A audiência foi presidida pelo juiz Luís Geo Verçoza, da 2ª Vara Criminal de Macapá. O objetivo era tomar o depoimento de Alexandre Matheus Macena das Neves, de 24 anos. A defesa tinha indicado duas testemunhas, entre elas a mãe dele.
O defensor público Jefferson Teodosio pediu ao juiz mais prazo para indicar novos endereços para que elas sejam intimadas. O magistrado deu mais cinco dias.
Cinco testemunhas de acusação compareceram e prestaram depoimento no processo. Uma delas faltou. O MP pediu que ela seja novamente intimidada.
Cachorro envenenado
Odete Penafort era conhecida em todo o setor educacional do Estado. Foram mais de 30 anos de serviços prestados, os últimos deles na Escola Barão do Rio Branco. Ela foi encontrada morta na manhã de 20 de abril, em sua casa no Bairro do Laguinho, onde morava sozinha. Três dias depois, a polícia encontrou Alexandre Matheus fumando maconha no complexo administrativo do Estado, a poucos metros da Delegacia Geral de Polícia.
Os investigadores tinham rastreado, com ajuda de câmeras de residências, a maior parte do caminho que ele havia feito desde a saída da residência da vítima. Alexandre Matheus disse em depoimento na delegacia que fazia pequenos trabalhos para a professora há cerca de dois anos, e que decidiu roubá-la.
Ainda segundo ele, a idosa acordou com o movimento na casa e foi imobilizada até desmaiar. Ao perceber que a idosa tinha recobrado a consciência, o criminoso disse que decidiu estuprá-la e depois a matou com uma facada no pescoço. Ele fugiu levando R$ 23, três vidros de perfumes e o celular da vítima, que afirmou ter vendido por R$ 80 a um mototaxista, na mesma madrugada.
Na denúncia, o Ministério Público afirma que a idosa foi estuprada quando estava desacordada. Uma vizinha dele afirmou que seu cachorro morreu envenenado dias antes. O animal costumava latir bastante sempre que Alexandre Matheus aparecia na residência da idosa, que lhe fornecia trabalho, uma refeição, pagamento e sempre conversava com ele. A suspeita é de que o crime tenha sido premeditado pelo criminoso.
O homicida continua preso no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). O julgamento dele ainda não foi marcado.