Por CAROLINA MACHADO
Cerca de 4 mil moradores do Arquipélago do Bailique migraram para Macapá nos últimos seis anos. A estimativa foi feita pelo secretário de Habitação e Ordenamento Urbano de Macapá, João Henrique Pimentel, ao portal SelesNafes.com.
Segundo o secretário, o local já teve uma população de quase 12 mil habitantes e hoje tem entre 8 mil e 8,5 mil. Ele ressalta que os dados não são oficiais e foram obtidos com informações do IBGE, Companhia de Eletricidade do Amapá e projetos que estão sendo implantados no local.
Muitos desses moradores, segundo o secretário, tem uma estrutura em Macapá e vão para casas de parentes na capital.
“Eles criaram também os seus espaços aqui, os avós, os pais dos filhos, de quem eles estão lá, e eles criaram uma estrutura aqui, normalmente o povo do Bailique tem a sua residência aqui, então quando ele migra, normalmente ele não vai em peso para o serviço social, eles vão para essas casas dos familiares que existem aqui”, explanou.
Já os demais moradores que não possuem uma estrutura na capital são encaminhados aos Centros de Referência em Assistência Social (CRA´s) com atendimentos básicos e especiais que eles recebem. “Esses atendimentos, a gente chama da porta de entrada do sistema, onde eles vão lá e fazem as suas reclamações e as suas reivindicações e são encaminhados para a solução”, disse o secretário.
De acordo com o gestor, o êxodo iniciou em 2010 e se intensificou em 2018 e está relacionado a três fatores que ocorrem no local: o fenômeno das terras caídas, os problemas no fornecimento de energia elétrica e também de água potável.
“Sobre as terras caídas, como as comunidades se localizam nas margens do rio, muitas delas perderam suas casas, os comerciantes perderam os seus comércios, as fábricas de gelo que existiam lá, algumas delas também foram perdidas por conta desse fenômeno. A Escola Bosque foi praticamente toda destruída pelo fenômeno das terras caídas. E isso acelerou o processo de migração do Bailique para outras localidades”, afirmou João Henrique.
Outra questão que resultou no processo de saída dos moradores do Bailique foi o fornecimento de energia elétrica, que também ficou comprometido por conta do fenômeno das terras caídas. Ele cita que em 2018 o local chegou a passar 60 dias sem energia.
“Sem energia o comércio não pode ter um estoque de alimentos perecíveis, a fábrica de gelo não funciona. Isso aí também fez com que também os próprios operadores dentro das colônias de pescadores também migrassem para Macapá”, explicou.
Em relação a água, João Henrique explana que as estações de tratamento que existiam no local até 2014 deixaram de funcionar e que o local também sofre com a salinização da água.
“O Bailique passou a tratar a sua água convencionalmente, retirando do rio, colocando em recipiente, colocando sulfato e cloro, e com isso ele tinha uma água aproximadamente igual à água portável. Só que de uns 8 anos para cá veio o fenômeno da água salgada, ou seja, o Atlântico avançando dentro do rio Amazonas. E aí a coisa complicou. Então esses fatores contribuíram com a saída desses moradores de lá”, explanou.
A Secretaria de Inclusão e Mobilização Social (SIMS) informou que realiza um serviço de assistência in loco no Bailique. No local, já foram entregue kits de alimentos, água mineral e realizados os cadastramentos de famílias em programas sociais.