Banco de leite precisa de doações para alimentar 40 bebês internados

Com estoque baixo, nutricionistas precisam escolher quem alimentar primeiro
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Por IAGO FONSECA

Mais de quarenta bebês que estão internados na Unidade Neonatal da Maternidade Mãe Luzia, no centro de Macapá, precisam da doação de leite humano para sobreviver. Desses, cerca de 25 estão internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e são prioridade pelo Banco de Leite Humano do Amapá (BLH).

Na Unidade Neonatal há bebês que nascem prematuros, com problemas de saúde e com baixo ou extremo baixo peso, entre 650 gramas a 1,5 quilos. O estoque está em nível crítico, abaixo de 2 litros, por isso nutricionistas escolhem qual bebê receberá o alimento, com base na gravidade de cada um, de acordo com Darcineyde Dias, coordenadora do BLH.

Nível do estoque coloca vida de bebês internados em risco. Fotos: Iago Fonseca/SN

“O nosso foco principal são os bebês que estão ali lutando pela vida diariamente. É abastecer toda a UTI e depois as unidades semi-intensivas. O leite humano é o que o organismo deles consegue digerir. Eles são muito pequeninos, às vezes nem recebem dieta, só uma colostroterapia, um leite que a mãe só produz nos primeiros 7 dias”, explica Darcineyde.

Darcineyde Dias (coordenadora do BLH): abastecer todas as unidades é fundamental

Essa necessidade constante motivou a servidora pública e assistente social Gracy Andrade, de 40 anos, a se tornar doadora do alimento primordial, após seu filho Adryan Marcelino precisar da doação em 2021, devido a complicações durante o parto que deixou os dois internados na UTI.

“Sempre tive vontade de ser mãe, era meu sonho. Hoje Adryan tem dois anos e seis meses, mas ele nasceu de sete meses. Foi um parto muito difícil, eu só acordei depois de dois dias, foi quando conheci meu filho. Ele sobreviveu por tomar leite de uma doação, foi um milagre essencial para a recuperação dele”, revela Gracy.

Gracy Andrade conta que filho sobreviveu tomando leite de doadora

Hoje é a servidora pública quem faz doações

Hoje com Adryan e Raila Cristine, sua segunda criança, Gracy se tornou doadora do leite materno para ajudar outras crianças e mães.

O Banco de Leite Humano é um serviço 24 horas especializado que busca promover, proteger e apoiar o aleitamento materno. Além da doação e coleta de leite, são realizados treinamentos, cursos e eventos para auxiliar mães com dificuldades em amamentar e identificar doadoras para contribuírem. As doações podem ser presenciais na Avenida FAB ou pelo serviço de coleta que atende Macapá, Santana, Mazagão e Tartarugalzinho.

“É possível doar em casa. Deixamos o kit nas residências e depois, na semana seguinte, a gente passa recolhendo. Fazemos todo o acompanhamento, as mães passam por um cadastro e fazem exames a cada 30 dias. Nem precisa completar os dois vidros, sempre trabalhamos para abastecer a semana que vem”, explica a coordenadora Darcineyde.

Gracy Andrade agora tem dois filhos

Quando a mãe faz o cadastro, que pode ser realizado pelo telefone 98115-9018 (WhatsApp), são pedidos a data do parto, exames, endereço e outros dados básicos. Caso não esteja com exames em dia, o Banco de Leite realiza a atualização.

“O que a gente pede é que ela esteja saudável, que o bebê dela esteja saudável também, para que ela consiga fazer as doações e não tire do que o bebê dela toma. Sempre pegamos o que sobra, aquele excedente, pode ser um ou dois dedinhos de leite por dia, para a gente já é muito”, conclui a gestora.

Seles Nafes
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