10 anos após erro em cirurgia plástica, médico tem quase R$ 1 milhão bloqueados

Caso ocorreu com uma paciente de Macapá, em 2015; ela venceu o processo, mas ainda não recebeu. Foto: Reprodução redes sociais
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Por SELES NAFES

A justiça estadual determinou o bloqueio de quase R$ 1 milhão das contas do médico otorrino Raimundo Sérgio Brito, da Clínica Dr. Brito, num processo que apura erro durante uma cirurgia plástica. O episódio ocorreu há quase 10 anos, e a paciente de Macapá afirma que ficou mutilada.

De acordo com o processo, que chegou na 1ª Vara Cível de Macapá em junho de 2016, a cirurgia foi realizada no dia 23 de junho de 2015. A paciente pagou R$ 5,2 mil pelo procedimento de redução das mamas e implante de próteses.

Cerca de 20 dias após a alta, já em casa, ela percebeu um inchaço no seio esquerdo, embora afirmasse que tinha feito os curativos regularmente na própria clínica.

O médico a orientou a fazer compressa de água quente 5 vezes ao dia, mas não houve sucesso. No processo, ela alega que comprou e usou todos os medicamentos indicados pelo médico.

Após duas semanas de compressas e medicamentos, a situação ruim continuava, e o médico tentou tranquiliza-la, dizendo que o processo de recuperação seria mesmo longo.

Dois meses depois, no entanto, ela recebeu uma ligação da clínica para que comparecesse em jejum. A paciente afirmou que foi internada e sedada, sem saber por qual procedimento ela passaria.

Horas depois, foi surpreendida com saber que a prótese do lado esquerdo foi retirada, sem o consentimento dela. No processo, a paciente diz que isso lhe causou um “grande abalo emocional”, e decidiu procurar outra especialista.

Um ano sem cicatrização

Quando ela deu entrada no processo na justiça, mais de um ano depois, o advogado informou na petição inicial que o ferimento da cirurgia continuava expelindo secreções, já que ainda não havia cicatrizado. A mama também teria ficado mutilada, sem o mamilo.

Brito chegou a devolver o dinheiro pago pela cirurgia, com valores corrigidos, antes do processo.

No entanto, a paciente ajuizou uma ação de reparação por danos morais no valor de R$ 135 mil. Ela chegou a vencer o processo, mas, quase 10 anos depois, os valores ainda não foram pagos.

No último dia 25 de janeiro, a juíza Liége Gomes, da 1ª Vara Cível, determinou o bloqueio de R$ 906,2 mil e a transferência do valor para uma conta em juízo.

Raimundo Brito já respondeu a diversos processos cíveis e criminais, e foi condenado em vários. Em todos os casos, ficou esclarecido que ele não possuía autorização do Conselho Regional de Medicina (CRM) para realizar cirurgias plásticas. Contudo, em 2022, ele ganhou a vencer uma das ações, quando a justiça considerou que não havia provas de que o procedimento feito por ele tenha influenciado na morte de uma paciente.

Seles Nafes
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