Amazônia 4.0, COP 30 e o Amapá como protagonista

Protótipo de biofábrica: presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá, Gutemberg Vilhena, assina artigo explicando onde o Amapá se encaixa neste novo panorama mundial
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Por GUTEMBERG VILHENA SILVA, Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá

Em um mundo em constante transformação, a Amazônia se destaca como um bioma crucial para a saúde do planeta. No entanto, as mudanças climáticas e a exploração insustentável dos seus recursos colocam em risco a sua biodiversidade e o bem-estar das populações que a habitam. Diante desse cenário desafiador, surge a iniciativa Amazônia 4.0 (https://amazonia4.org/), cujo intuito é promover o desenvolvimento sustentável da região, conciliando a preservação ambiental com o crescimento econômico e social. O termo é inspirado na chamada Indústria 4.0, que se caracteriza pela integração de tecnologias digitais, físicas e biológicas.

O Panorama da Amazônia 4.0 e o Amapá

O panorama da Amazônia 4.0 apresenta uma visão que coloca em destaque a valorização da biodiversidade, utilizando a rica diversidade biológica da Amazônia como alicerce para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, impulsionando assim a bioeconomia.

Este modelo enfatiza a sustentabilidade e conservação, propondo um uso responsável dos recursos naturais através de práticas que visam a diminuição do desmatamento e da degradação ambiental. É fundamental a integração de conhecimento local com tecnologia, que combina o saber milenar das comunidades indígenas e locais com as mais recentes inovações tecnológicas, facilitando a criação de soluções que respeitam as particularidades da região. O modelo aposta também em uma economia circular e inclusiva, que promove o reaproveitamento dos recursos e minimiza a geração de resíduos, ao mesmo tempo em que integra as comunidades locais na cadeia produtiva.

A digitalização e conectividade são vistas como ferramentas chave para conectar os produtores locais aos mercados globais, ampliando o acesso a informações e serviços essenciais.

No que diz respeito ao papel do Amapá como protagonista neste cenário, a região pode avançar significativamente através do investimento em Centros de Excelência em Pesquisa, que se dedicariam ao estudo da biodiversidade amazônica e ao desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Isso pode ser alcançado por meio do fortalecimento de parcerias estratégicas com universidades, instituições de pesquisa e empresas de tecnologia.

A formação e capacitação de pesquisadores, empreendedores e trabalhadores locais é fundamental, preparando-os para atuar com as tecnologias da Indústria 4.0 e as melhores práticas de sustentabilidade.

Gutemberg Vilhena (à direita). Foto: Arquivo SN

O incentivo à bioeconomia é essencial, fomentando o surgimento e o amadurecimento de negócios e startups que valorizem o uso sustentável dos recursos naturais e que agreguem valor à biodiversidade. A criação de uma sólida infraestrutura tecnológica permitirá a coleta e análise de dados para fins de monitoramento ambiental e gestão de recursos, enquanto parcerias estratégicas com diferentes setores podem ampliar o financiamento de projetos, o compartilhamento de conhecimento e a colaboração.

A relação entre a iniciativa Amazônia 4.0 e as Conferências das Partes (COP) em três pontos

A Amazônia 4.0 pode ser vista como uma resposta direta aos desafios e metas discutidos durante essas conferências globais. Aqui estão algumas conexões fundamentais:

  1. Inovação e Tecnologia Sustentável: As COPs frequentemente discutem a importância da tecnologia e da inovação no combate às mudanças climáticas. A Amazônia 4.0 integra tecnologias avançadas para desenvolver soluções sustentáveis que podem ser apresentadas e compartilhadas nas COPs como modelos de inovação para conservação e uso responsável dos recursos naturais.
  2. Financiamento para o Clima: Uma parte crucial das negociações da COP está relacionada ao financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas. A Amazônia 4.0 poderia beneficiar-se de fundos internacionais destinados a iniciativas sustentáveis, servindo como um projeto exemplar para o investimento de recursos do clima.
  3. Transferência de Conhecimento: Durante as COPs, há um foco significativo na transferência de conhecimento e melhores práticas entre as nações. A Amazônia 4.0 pode ser um case de sucesso em como integrar conhecimento indígena e local com inovações tecnológicas para a sustentabilidade, o que pode ser compartilhado como um exemplo a ser seguido por outras regiões com ecossistemas sensíveis.

Conclusão

O Amapá, diante do cenário apresentado pelo Panorama da Amazônia 4.0 e as discussões globais da COP 30 (a COP da Amazônia), emerge como um protagonista fundamental na jornada para um futuro sustentável. Esta posição de destaque é abalizada na sua capacidade de integrar a valorização da biodiversidade amazônica com o avanço tecnológico, promovendo o desenvolvimento sustentável através da bioeconomia, conservação ambiental, e inclusão social.

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