Por ANITA FLEXA
Muito mais que um simples cartão postal, as paredes e janelas da Fortaleza de São José de Macapá, às margens do grandioso Rio Amazonas, reverberam a resistência de um povo e a história de uma cidade. O “forte” foi inaugurado em 19 de março de 1782, dia do padroeiro São José, e nesta terça-feira comemora-se os 242 anos de existência e foi visitada por dois estudantes africanos.
Construída entre 1764 e 1782, erguida pelas mãos de negros e índios, escravos da colonização portuguesa, a Fortaleza de São José de Macapá teve o seu objetivo de proteger as fronteiras durante o período colonial.
Para os amapaenses, o forte é uma de suas maiores referências, por representar um marco cultural, arquitetônico e histórico do Estado e do país. O espaço é aberto a visitações e se tornou, além de um ponto turístico, um museu da história de Macapá.
E foi pensando neste marco histórico que um grupo de estudantes da Universidade Federal do Amapá veio apresentar o ponto turístico para dois estudantes, o Demondji Moïse, que veio da Costa do Marfim, e Hervé Aidote, de Benim, ambos países da África. Os dois são alunos do projeto “Português como Língua adicional” da Unifap.
“É a nossa primeira vez aqui no estado e no país e nós chegamos recentemente e ainda não visitamos todo o espaço, mas do pouco que vimos, podemos perceber que esse espaço é um marco da história e ficou marcado na nossa memória”, afirma Demondji Moïse.
Para o historiador da Fortaleza, Amiraldo Silva dos Santos, que trabalha há 26 anos no local, preservar a Fortaleza é respeitar os ancestrais e pessoas que deram suas vidas para a construção da edificação.
“Para mim é um privilégio trabalhar aqui, é de uma gratificação imensa poder repassar tudo o que eu sei para visitantes e estudantes que vêm até aqui aprender mais sobre esse lugar. Muitas pessoas moram há anos aqui e não percebem o valor histórico da Fortaleza.”
Dia de São José
E para comemorar a data, a Secretaria de Cultura do Amapá (Secult) preparou uma programação que conta com missa, feira de plantas ornamentais e medicinais, música, feira de artesanato indígena e exposição de obras de 30 expositores.
A secretária Clícia Vieira Di Miceli reafirmou a importância de valorizar a fortificação e comentou sobre os novos investimentos que serão realizados no espaço, após a escuta pública realizada em 2023.
“Essa data sempre tem que ser lembrada para que a gente não esqueça da nossa história. É um dos mais visitados pelos turistas e que certamente tem a sua importância histórica para o nosso povo. E em um futuro não tão distante, a população poderá contar com novas formas de atendimento aqui dentro da Fortaleza. Nós realizamos uma escuta pública no ano passado e tivemos muitas sugestões em como utilizar o local, e por isso, juntamente como Iphan, realizamos um estudo e mapeamento de toda a área para adaptarmos essas sugestões de uso para a população”, conclui a secretária.
Candidatura a Patrimônio da Humanidade
A relevância da fortificação nacional e internacional, rendeu a candidatura ao título de Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Mas para concorrer, a Fortaleza precisou passar por revitalizações dos espaços.
Fala traduzida pelas estudantes Leila Jennifer – estudante de letras francês Unifap e Thamillys Moraes – estudante do curso de Letras Francês da Universidade Federal do Amapá.