Alvo de operação, prefeitura de Mazagão teria fraudado 100 licitações

Casa do prefeito Dudão Costa foi alvo de um dos mandados na operação de hoje, 2. Fraudes em licitações e contratos teriam movimentado mais de R$ 150 milhões, entre 2020 e 2023
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Por SELES NAFES

Equipes do Gaeco e forças policiais do Amapá realizaram uma megaoperação, na manhã desta terça-feira (2), tendo como alvo principal a prefeitura de Mazagão. A Operação Cartas Marcadas investiga fraudes em licitações, desvio e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

De acordo com o Ministério Público do Estado, que comandou a operação, uma organização criminosa teria fraudado pelo menos 100 processos licitatórios, em contratos que movimentaram mais de R$ 150 milhões, entre 2020 e 2023. E mais de R$ 200 milhões teriam passado pelas contas bancárias dos envolvidos.

“As investigações apontam, ainda, o envolvimento direto do prefeito de Mazagão (Dudão Costa), que não só tinha conhecimento da malversação do dinheiro do município, como ele próprio, alguns familiares e amigos investidos em cargos de confiança, usufruíram de bens móveis e imóveis adquiridos com os recursos públicos desviados”, informou o MP por meio de nota. Uma entrevista coletiva foi marcada para as 11h.

O Ministério Público afirma que mais de 60 pessoas estão envolvidas nas fraudes, em quatro grupos: comissão de licitação e fiscais de contratos; empresas; pessoas que faziam repasses de valores e juros e lavagem do dinheiro desviado.

De acordo com as investigações, as fraudes teriam iniciado pelo alto escalão da prefeitura, com envolvimento de servidores que ocupavam cargos de confiança. Esses funcionários teriam, mais tarde, criado empresas somente para participarem das licitações.

Policiais federais também participaram da operação. Foto: Leonardo Melo

Mais de 350 policiais cumpriram 82 mandados

Parte do material apreendido nas buscas

Promotora Andréa Guedes repassa instruções a equipes antes do início da operação

Alguns parentes do prefeito seriam os braços financeiros dessas empresas. Segundo o inquérito, eles “financiavam” as empresas que venceriam as licitações direcionadas. Os financiadores recebiam de volta os valores do investimento com juros, graças ao desvio de dinheiro dos contratos que eram transferidos para contas de intermediários, antes de chegarem aos reais beneficiários.

Também há indícios de que muitas obras não eram entregues, e, mesmo a assim, Dudão Costa autorizava aditivos nos contratos que aumentavam o tamanho do prejuízo para os cofres. O Portal SN tenta contato com a prefeitura de Mazagão.

Além de Mazagão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Macapá, Santana, Belém e Ananindeua (PA) e Salvador (BA). Um dos mandados foi cumprido na casa do prefeito. Mais de 350 policiais civis, federais e militares participaram da operação, comandada pelo Gaeco.

Seles Nafes
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