Moradores da Ilha dos Camaleões protegem ecossistema

A meta para 2024 é devolver mais de 179 mil animais à natureza.
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Por ANITA FLEXA

De passinhos vacilantes até o nado em equipe pela vastidão do grandioso rio Amazonas. Esses foram os primeiros momentos dos mais de 15 mil quelônios resgatados por equipes do Projeto Quelônios da Amazônia (PQA), coordenado pelo Ibama Amapá. A Ilha dos Camaleões, situada no município de Afuá, no Pará, é o local de soltura, um verdadeiro paraíso no coração do Rio Amazonas. O evento contou com a presença do público em geral e diversas apresentações culturais.

Para os habitantes da Ilha dos Camaleões, em Afuá, Pará, este é um momento sagrado de gratidão à natureza. Luís Barros, que participa do projeto há 38 anos, desempenhou um papel fundamental no salvamento de muitas tartarugas. Ele se considera um guardião da espécie e destaca a tradição familiar:

“Com certeza, a maior parte das pessoas que trabalha aqui é da minha família, né? Meus filhos trabalham comigo, e minha outra filha cuida da documentação. É um trabalho em família, e certamente vou passar isso para as próximas gerações. É sobre preservação”, afirma Luís.

15 mil quelônios foram soltos

Bernardino Nogueira, superintendente do IBAMA Amapá

Segundo o superintendente do Ibama, Bernardino Nogueira, a expectativa é que mais de 179 mil quelônios sejam devolvidos à natureza este ano, com ações programadas até o final de 2024. As espécies incluem tartarugas da Amazônia, tracajás, pitiús, entre outras.

“A gente tem o apoio da população, nós temos apoio das entidades, das universidades que nós trouxemos também, o Ifap, dos cursos relacionados ao meio ambiente, pra que a gente comece cada vez mais a se conscientizar, pra que a gente tenha um ambiente melhor de todas as formas. Sem um ambiente equilibrado, a vida fica muito difícil”, pontua o superintendente.

Ao longo de 41 anos de projeto, mais de 2 milhões de tartarugas da Amazônia foram salvas. Antes disso, a espécie quase entrou em extinção devido ao tráfico de animais e ao consumo de sua carne.

Márcia Bueno, analista ambiental do IBAMA e coordenadora do projeto PQA, explica que além de salvar espécies ameaçadas e de seus predadores naturais, a atividade funciona como um “regulador ambiental” e preserva o ecossistema natural.

Moradores contribuem para a criação de uma conciência ambiental para as próximas gerações

Luís Barros, guardião da Ilha dos Camaleões

Estudantes do Ifap párticiparam da ação

“O nosso trabalho consiste em identificar os locais de desova em várias regiões da Amazônia, que são praias mais secas, então é feito o monitoramento das praias durante o período de desova e incubação para não serem capturados. Aqui, como a gente está na Foz da Amazônia, que tem uma influência muito grande de maré, dependendo dos locais que elas desovam, esses ninhos são inundados quando vem a maré. Então a gente faz a translocação desses ninhos, que são levados para uma área que a gente chama de incubadora, num local mais alto, onde eles ficam até a desova”.

Mesmo com a distância de seis horas de viagem entre o município de Macapá e a Ilha dos Camaleões, essa foi uma experiência educativa e simbólica para alunos e professores da Universidade Estadual do Amapá (Ueap), Instituto Federal do Amapá (Ifap) e Universidade Federal do Amapá (Unifap), que participaram do projeto pela primeira vez.

Reservatórios com os quelônios

Equipe dop Ibama

De acordo com o professor Bruno Cavalcante, essa é uma oportunidade única para que os alunos compreendam a importância da preservação da natureza.

“Esse ato que contribui para o equilíbrio ecológico do meio ambiente, o equilíbrio ecológico da cadeia em si, que hoje faz parte a fauna que contribui com todo o ato sistema, e para a gente foi emocionante a soltura dos quelônios, é um evento que a organização está de parabéns e a gente só tem a agradecer” conclui o professor.

Seles Nafes
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