Por JONHWENE SILVA
Na cidade de Afuá, situada na Ilha do Marajó, uma peculiaridade logo chama a atenção dos visitantes: a ausência de carros e motos. O principal meio de locomoção por lá são os famosos ‘bicitáxis’. Esses veículos, além de atenderem às necessidades dos moradores, também são uma opção divertida para os turistas.
Os bicitáxis têm passado por uma interessante evolução ao longo do tempo. De simples meios de transporte, eles têm se tornado cada vez mais modernos e sofisticados, oferecendo não apenas mobilidade, mas também conforto aos passageiros. E não é só isso: eles também representam uma importante fonte de renda para os condutores locais e movimentam a economia da cidade.
O que antes era uma ocupação para poucos, agora se tornou uma oportunidade de trabalho para muitos desempregados da região. No entanto, adquirir um desses veículos não é tarefa fácil. Um modelo básico, capaz de transportar até três passageiros, pode custar pelo menos R$ 4 mil. E um modelo mais completo representa um desembolso de até R$ 15 mil.
Manoel Costa, aos seus 59 anos, compartilha sua experiência como condutor de bicitáxi: “Este carrinho que estou utilizando foi emprestado e nem mesmo possui um sistema de som. Mas as pessoas preferem os modelos mais caros, com todos os acessórios, luzes piscantes e até sistemas de som potentes. Eu costumava vender lanches, mas agora encontrei no bicitáxi uma maneira de garantir o sustento da minha família. No entanto, existem modelos que chegam a custar até R$ 15 mil”.
Curiosamente, é possível encontrar bicitáxis temáticos pelas ruas de Afuá. Alguns exibem as cores dos times de futebol locais, enquanto outros são equipados com caixas de som potentes e até mesmo bagageiros. Há modelos capazes de transportar até seis pessoas de uma só vez.
Marlon Nascimento, um jovem de 21 anos, complementa sua renda utilizando o bicitáxi.
“Com mais passageiros, consigo cobrar um pouco mais pelas corridas. Geralmente, os preços são negociados diretamente com os passageiros. Eles adoram os bicitáxis com som e luzes. Mas tudo isso tem seu preço, por isso, às vezes, prefiro utilizar um modelo mais simples.”
Apesar da importância dos bicitáxis na geração de renda para os condutores, alguns proprietários optam por investir em modelos mais sofisticados, utilizando-os para outras atividades além do transporte de passageiros. É o caso de Melquiades Filho, um funcionário público que utiliza um modelo personalizado como um jipe para transportar equipamentos em seu sítio, onde pratica a apicultura.
“Eu também tenho alguns bicitáxis, mas decidi construir este jipe. Ele possui a frente de um fusca e a traseira de um jipe. Eu não costumo alugá-lo ou utilizá-lo para corridas, pois às vezes os passageiros estão bêbados e acabam causando problemas. Mas o veículo ficou bonito e é perfeito para minhas atividades relacionadas à apicultura”, compartilha Melquiades, orgulhoso de sua criação.