Por IAGO FONSECA
A memória dos “causos” do Amapá e da antiga Guarda Territorial do Estado está registrada em um livro produzido por historiadores da Universidade Federal do Amapá. A obra reúne relatos de 86 ex-guardas territoriais do então Território Federal do Amapá, alguns deles já falecidos.
O compilado “Memória da Briosa Guarda Territorial do Amapá” registra um importante período do estado, quando o então governador Janary Nunes instituiu o grupo de policiamento público em 1943.
O livro conta não só a história da instituição e seus personagens históricos, mas também narra passagens de ícones famosos pelo Amapá, como o sanfoneiro Luiz Gonzaga, que foi preso na Fortaleza em 1960 após uma bebedeira que terminou em briga.
“Esse acervo é fruto de uma pesquisa que levou em torno de 10 anos para ser concluída. Essas pessoas e essa instituição foram fundamentais para o desenvolvimento do ex-Território do Amapá. Muitos deles (Guardas Territoriais) falavam que conheciam bastante sobre o território, tinham muitas histórias, mas se questionavam por não serem reconhecidos, acreditavam que essa memória ia se perder com o falecimento deles”, explicou o historiador Bruno de Sá.
O material ficou exposto na Fortaleza de São José junto a uniformes, adereços e fotografias até 18 de maio, durante a 22ª Semana Nacional de Museus. O local histórico foi a primeira sede da Guarda. A exposição continuará disponível no Centro de Memória da Unifap, dentro da biblioteca da instituição.
“Isso é muito importante para engrandecer a memória da saudosa Guarda Territorial, uma história que mexe conosco. Me sinto lisonjeado em pertencer”, destacou o inspetor Sebastião Tadeu, guarda da turma de 1974.
A obra, lançada em setembro de 2023 pelos pesquisadores da Unifap, as professoras Verônica Xavier Luna, Elke Daniela Rocha, e o pesquisador voluntário Bruno Markus dos Santos de Sá, teve 150 exemplares impressos na primeira edição, que foram distribuídos para 50 ex-guardas territoriais e instituições públicas.
“O que nós estamos buscando fazer é uma nova edição impressa pelo Senado, mas creio que em breve também teremos uma versão digital. O intuito do livro é salvaguardar a memória da Guarda Territorial, da instituição e dessas pessoas e mostrar para a população. É o retorno social da universidade para distribuir às repartições públicas e à população”, finalizou Bruno.
A Guarda Territorial também prestava serviços de carpintaria, marcenaria, pintura e manutenção de prédios públicos, além de organização de enterros, sapataria e alfaiataria.