Por IAGO FONSECA
Após o preparo de cerca de 3 mil refeições diárias no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), o óleo de cozinha utilizado nas frituras tinha como destino o sistema de esgoto. Agora, um projeto vai utilizar esse material como ingrediente para a produção e venda de barras de sabão artesanal, contando com a mão de obra dos internos.
A fabricação teve início no começo de abril de forma experimental. O processo de mistura de ingredientes, moldagem e corte dos produtos de limpeza é realizado em um dia, porém, os sabões precisam “descansar” por 20 dias antes de ficarem prontos para uso. Três apenados foram selecionados e passaram por capacitação para trabalhar no Projeto Renovar.
O óleo de cozinha é um grande poluente para o meio ambiente. O descarte incorreto pode gerar uma série de impactos na natureza, por isso, surgiu a proposta de reciclar o material, conforme explicado pela administração do sistema prisional.
“É um projeto que envolve o Iapen e o Conselho da Comunidade da Vara de Execução Penal. É um sabão que será comercializado através do Conselho da Comunidade, e os recursos retornarão ao sistema penitenciário, seja através da remuneração dos internos envolvidos nessa atividade de trabalho, como também na produção de novos sabões”, explicou o diretor do instituto, delegado Luiz Carlos Gomes Jr.
O sabão recebeu o nome do projeto e será também utilizado na higienização do sistema penitenciário. Os presos envolvidos no trabalho receberão uma bolsa no valor de 3/4 de um salário-mínimo, aproximadamente R$ 1.059, divididos em duas partes, uma destinada à família e outra depositada em uma conta poupança do preso.
“Deste modo, eles conseguem se ocupar através do trabalho e também ajudar as famílias que estão fora dos muros. Todos os internos envolvidos nessa atividade de trabalho foram selecionados, passaram por entrevista, avaliações psicológicas e pelo atendimento da equipe de assistente social”, concluiu o diretor.
Nenhum material é desperdiçado. Pedaços quebrados e raspas retornam para a panela para uma nova mistura. Os ingredientes, incluindo a soda cáustica, são misturados em um liquidificador industrial sob supervisão dos policiais penais.
“Está sendo uma experiência ótima, esse é o meu trabalho, me deram oportunidade aqui e está sendo gratificante. Esse óleo que acabaria em rios, no lençol freático, nós pegamos e transformamos”, comentou um preso participante.