Por IAGO FONSECA
A defesa do policial penal Anderson Luiz Dias da Silva, de 44 anos, acusado de matar o primo em 2018 e de envolvimento com o tráfico e crime organizado em 2021, afirma que, neste último caso, ele foi inocentado pela justiça. Há quase um ano, Anderson aguarda o Júri Popular sobre o homicídio em liberdade.
A convite da família de Anderson, o Portal SelesNafes.Com ouviu os esclarecimentos sobre o processo que o acusava de envolvimento com a facção criminosa “Família Terror do Amapá”. A entrevista contou com a presença do advogado Elias Reis, que defende o policial no processo de homicídio do primo dele, Marcelo Brito Silva, morto nas proximidades do Parque do Forte, em 2018 – segundo o Ministério Público, com tiros disparados por Anderson.
Quando preso preventivamente, em agosto de 2021, o policial penal foi acusado de integrar a facção criminosa e beneficiar presos do Iapen com celulares e drogas em troca de pagamentos.
Entretanto, ao longo do processo, os juristas constataram que não havia provas que ligassem o policial penal aos crimes. Ele havia sido condenado a 16 anos e quatro meses de prisão e a uma multa de R$ 1,9 mil, de acordo com a sentença fornecida ao site pelo advogado de defesa.
“Acusaram-no de ter levado uma droga para dentro de um banheirinho lá, só que o laudo da droga era de uma apreensão de 16 de maio, e o fato acusado foi em 8 de junho de 2021, quase um mês depois. Ou seja, o juiz de primeira instância condenou-o a 16 anos contrariamente às provas”, argumentou o advogado.
Elias afirmou que, desde o início do processo, não havia autoria nem materialidade que comprovassem o envolvimento de Anderson com o tráfico. Por isso, em junho de 2023, a sentença foi revista por desembargadores, que o inocentaram por unanimidade dos crimes de tráfico, associação e integração criminosa, e obtenção de vantagem durante o exercício de função na administração pública. Em agosto, o processo foi transitado em julgado, não havendo mais possibilidade de recurso.
Júri por homicídio
O juiz substituto Hauny Rodrigues Diniz adiou, na última segunda-feira (27), o julgamento pelo júri popular do policial penal, acusado de matar o primo em dezembro de 2018. A justificativa foi a ausência dos três advogados do réu. O advogado Elias Reis apresentou atestado médico por complicações de saúde.
Mesmo não aceitando a justificativa de Elias, o magistrado adiou o júri por avaliar que o réu ficou desassistido pelos três advogados da defesa, além de não haver jurados suficientes para dar andamento ao julgamento. A Defensoria Pública foi intimada para assumir o processo em caso de nova ausência da defesa.
O advogado Elias Reis afirmou ao Portal SN que Anderson Luiz Dias da Silva possui liberdade plena, sem restrições, e que trabalha diariamente no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Além disso, tem respondido e obedecido aos chamados da justiça.
“Vou me ater às provas dos autos que vão comprovar a inocência do Anderson. O que é um fato notório é que queremos a desclassificação de homicídio doloso para culposo. Ele não tinha intenção de matar, atirou para o chão e a bala ricocheteou”, finalizou o advogado.
O caso
Marcelo Brito Silva foi morto pelo primo, o policial penal Anderson Luiz, nas proximidades do Parque do Forte e Mercado Central em Macapá, em 23 de maio de 2018. De acordo com relatos, Anderson disparou diversos tiros após uma lata de cerveja ser arremessada contra seu carro.