Por SELES NAFES
A Corregedoria da Polícia Militar do Amapá decidiu pelo arquivamento do processo que apurou a conduta do major da reserva Joaquim Pereira, 63 anos, condenado pelo homicídio do tenente Kleber Santana, de 42 anos, numa briga de trânsito em 2022. O governador Clécio Luís (SD), a quem cabe a palavra final no processo administrativo, divergiu da corregedoria.
O relatório da apuração interna concluiu que o major não praticou o crime no âmbito militar. O parecer ainda será analisado pelo comando da corporação, mas abre caminho para a manutenção dele com direito à aposentadoria do major.
Em fevereiro de 2022, no Centro de Macapá, uma discussão no trânsito terminou com a morte do tenente com um tiro na cabeça. Ele levava o filho de 4 anos para a escola, que quase foi atingido. A defesa do major alegou legítima defesa, mas ele foi condenado no Tribunal do Júri a 21 anos e 9 meses de prisão, em julgamento ocorrido em outubro de 2023. Em maio deste ano, o Tribunal de Justiça rejeitou o recurso e manteve a condenação.
Na semana passada, o Conselho de Justificação da Corregedoria, formado por três oficiais superior ao major, emitiu parecer pelo arquivamento do processo, após análise de provas e depoimentos (incluindo do major). Para o conselho, a conduta dele não “ofendeu a honra na esfera militar”.
No passo seguinte ao processo administrativo, o Diário Oficial do Estado publicou entendimento do governador Clécio Luís fundamentado numa lei de 1980, onde ele discorda da decisão do conselho.
De acordo com o advogado criminalista Marcelino Freitas, a decisão da Corregedoria da PM seguiu uma tendência corporativista, mas também analisou tecnicamente que o crime foi cometido na rua, sem que o oficial estivesse de serviço.
“O Conselho de Justificação analisou tão somente isto. O governador não é vinculado a este parecer. Ele pode pegar esses autos e enviar para a Procuradoria do Estado para uma reanálise que vai apurar se todo o procedimento foi feito dentro da lei, para definir se ele permanece ou não as fileiras na PM”, explicou.