Dawson culpa vítimas e nega que tinha bebido: ‘só água tônica’

Ele usou o direito de ficar em silêncio diante de perguntas da promotoria; mas admitiu que havia saído de um bar e estava a caminho de uma festa
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Por SELES NAFES

O comerciante Dawson Rocha, de 44 anos, que está sendo julgado nesta segunda-feira (3) por duplo homicídio no trânsito, decidiu usar o direito de ficar em “silêncio parcial”, durante a fase de inquirição dele como réu.

“O senhor tem o direito de não responder às perguntas, mas isso não deve ser interpretado em prejuízo de sua defesa. Caso o senhor queira ficar em silêncio, esclareço que essa é a oportunidade que o senhor tem de dar sua versão do que aconteceu”, explicou a juíza Lívia Simone, que conduz o júri.

O gesto impediu que a promotoria e o advogado de acusação fizessem perguntas. Dawson disse pretendia responder apenas às perguntas dos próprios advogados e dos jurados, e informou à juíza apenas seus dados pessoais.

Dawson disse, por exemplo, que vive em união estável e que possui filhos de 23, 18 e 10 anos. Ele também informou que tem asma, depressão, toma remédios para dormir “e essas coisas que estão aparecendo em mim. Começou a surgir há pouco tempo. Tomo remédio para pressão e pra esses nódulos que estão surgindo aqui e na minha perna. Minha esposa que controla isso”.

“Hoje sou autônomo. Tive que vender a minha lanchonete. Alguns amigos querem vender carro, eu ofereço (a um comprador) e ganho a minha porcentagem”, acrescentou.

O advogado de defesa Charlles Bordalo perguntou se ele tinha bebido na noite do acidente, em 15 de janeiro de 2021. Na colisão de seu BMW contra o Celta, morreram os cozinheiros Mickel Ferreira, de 39 anos, e Rosineide Aragão, de 42 anos.

Ele admitiu que estava no Bar Detroit e, afirmou que bebeu apenas “água tônica”. 

Dawson afirmou que está doente e passou a tomar remédios controlados. Foto: Reprodução

Dawson está envolvido em mais uma polêmica

Noite da colisão, em 15 de janeiro: “não tive reação”

Air-bag e cocaína

Ele respondeu que não conhecia as vítimas, e que não assumiu nenhum risco de cometer acidente. Também admitiu que estava acima do limite de velocidade, e que não estava em zigue-zague e trafegava na mão correta, não mais de 120 km por hora, ao contrário do que informou a perícia que atestou 180 km por hora.

“Numa velocidade dessa (180 km/h) a gente sente o carro. Vi só aquele vulto rápido, que atravessou na minha frente. Não tive reação. Não tirei nem o pé. Meu colega falou que eu desmaiei. Mas eu acordei lá mesmo”. “Ele não deu sinal. Se ele (Celta) estivesse pelo menos com a luz acesa eu tinha visto”. 

Ele também respondeu que o Celta estava no meio da rua, ao fazer uma conversão ilegal, e o que salvou sua vida e seu colega foram os air-bags do BMW (equipamento que não existe no Celta). Dawson admitiu que estava a caminho de uma festa no Cabralzinho, e que não tinha intenção de causar alguma lesão em alguém.

A advogada Dirce Barbosa perguntou sobre os vídeos que eram populares de Dawson.

“Só amigos meus que fizeram no nosso grupo”, respondeu.

Dawson informou que não fez exame de colemia, mas a promotoria (em questão de ordem), comentou que o exame de constatação de embriaguez foi clínico.

A juíza perguntou sobre a cocaína encontrada no carro dele após o acidente.

“Só se alguém colocou lá. Não era minha. O delegado disse que tá lá, mas a PM revistou todo o carro e não viu. Tem muita gente pra fazer o mal”.

O comerciante também admitiu que estava com a CNH vencida.

O julgamento começou por volta das 9h, e às 16h30 acusação e defesa iniciaram as alegações finais aos jurados. 

Seles Nafes
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