Por IAGO FONSECA
Familiares das vítimas Mickel da Silva Pinheiro e Rosineide Batista Aragão, mortos em janeiro de 2021 em uma colisão com a BMW de Dawson da Rocha Ferreira, afirmam que nunca receberam as indenizações e pensões definidas pela justiça na esfera cível. O júri popular por duplo homicídio que Dawson enfrenta iniciou na manhã desta segunda-feira (6).
Em 2021, o comerciante foi condenado a pagar uma pensão mensal de um salário mínimo às duas crianças do chef de cozinha Mickel. Já em 2022, foi condenado novamente a indenizar a filha da cozinheira, Rosineide, em quase R$ 50 mil. A defesa do empresário no âmbito criminal afirmou que desconhece as decisões cíveis.
Por fim, em janeiro deste ano, Dawson foi condenado novamente a pagar R$ 100 mil em indenização aos filhos de Mickel, e dois salários mínimos em pensão até completarem 18 anos. Porém, segundo as famílias, a justiça não encontra bens no nome de Dawson.
“Nunca pagou, nunca tem nada no nome dele. A justiça diz que vai atrás, que nada encontra, nem na casa dele, que ele não tem nada, não sei como é que ele sobrevive. Não tivemos nenhuma forma de ressarcimento e nem justiça. E, na verdade, eu estou aqui porque a gente está atrás de justiça, mas só acredito na justiça de Deus, porque a da terra é muito falha, no caso a dos homens”, declarou Josiane Ferreira, viúva de Mickel.
Keliane Aragão, filha de Rosineide, ressaltou que pagando ou não as indenizações, ela espera pela condenação de Dawson.
“O dinheiro não vai trazer eles de volta. Simplesmente a gente quer pelo menos que ele seja condenado e pague pelo crime que ele cometeu. Porque até hoje eu tive que batalhar por causa dos meus filhos, que eles perderam o pai deles. Então, eu quero isso, eu quero justiça, pelo menos que ele seja preso”, completou a Keliane.
O júri popular ocorre desde às 9h30 da manhã desta segunda-feira (6). Sete jurados sorteados pela juíza, em comum acordo com a acusação e defesa do réu, acompanham os depoimentos das testemunhas. Por volta das 15h, Dawson foi ouvido pelo tribunal.
O caso
O crime ocorreu na noite de 15 de janeiro de 2021. De acordo com as investigações, Dawson Rocha estava sob efeito de álcool, e possivelmente de cocaína, já que a droga foi encontrada no carro dele. Mickel e Rosineide haviam acabado de sair do trabalho em um restaurante próximo ao local do acidente. Ele era chefe de cozinha e ela a sua assistente.
A colisão ocorreu na Avenida Padre Júlio Maria Lombaerd, entre as Ruas Minas Gerais e Paraná, no Centro de Macapá. As vítimas estavam em um carro conduzido por Mickel, que tentou fazer uma conversão, mas o veículo foi atingido pelo automóvel BMW conduzida pelo acusado, segundo a denúncia do Ministério Público.