Por RODRIGO DIAS
Dizem que a chuva no dia do velório é sinal de uma boa acolhida no céu. E nesse caso, com certeza, é. Afinal, Josefa Lina da Silva, a ‘Tia Zefa’, era muito querida e amada por sua simpatia e influência na história da cultura do estado do Amapá.
‘Tia Zefa’ faleceu na noite de terça-feira (24) de causas naturais em sua casa, aos 108 anos. No último final de semana, ela sofreu uma queda no banheiro e fraturou o fêmur. Foi levada ao hospital, mas teve alta. Segundo a família, ela estava conversando lucidamente, como sempre.
De acordo com a filha, Raimunda Lina da Silva, o seu último ato foi fazer o que amava: agradecer ao Senhor.
“Às seis da tarde, fez o terço e ainda acompanhou a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Depois, foi se acalmando e faleceu. Foi um exemplo de vida, uma mentora, minha força, uma pessoa de garra, uma amiga. Agradeço a Deus por ter me designado essa missão de cuidar dela. Espero ter cumprido da melhor forma possível”, disse a filha.
Para quem faz cultura no estado, a perda é irreparável. Para a marabaixeira Valdinete Costa, Tia Zefa é um ícone que transmitiu sua sabedoria e ancestralidade.
“Com certeza vamos sentir falta de uma mulher que, aos 108 anos, tinha uma lucidez e firmeza ao falar. Existia um grande amor dela em lembrar dos momentos, das histórias, da nossa cultura e da nossa tradição. Para nós, vai ficar um vazio muito grande, mas pedimos a Deus que a receba de braços abertos, porque ela representou muito dentro da classe marabaixeira”, disse.
A matriarca era conhecida por eternizar vários ladrões de marabaixo na memória da comunidade negra do Amapá. Ela teve 8 filhos, 45 netos, mais de 60 bisnetos e 17 tataranetos.
Velório e sepultamento
O velório está sendo realizado no Centro de Cultura Negra, localizado na rua General Rondon, no bairro do Laguinho, em Macapá. O sepultamento está previsto para as 16h desta quarta-feira (24), no Cemitério São José, no bairro do Santa Rita.