Por IAGO FONSECA
Moradores do Bairro Araxá, na zona sul de Macapá, estão assustados com aumento de casos de dengue na região. Em um mês, três membros de uma mesma família foram vítimas fatais da doença. A capital lidera o número de casos prováveis no Amapá.
Na Avenida 12, os mosquitos se concentram dentro das casas e não se intimidam com o movimento de pessoas. Nas ruas e em terrenos abandonados o mato e o lixo se acumulam. Placas da prefeitura de Macapá intimam proprietários a fazer a limpeza, sem efeito. O município já registra 7 mortes, com outras 5 em investigação.
Samayra Carvalho, de 33 anos, perdeu a mãe há um mês devido a complicações por dengue hemorrágica. Logo depois, em um intervalo de quatro dias, um tio e uma prima faleceram pela doença. Um sobrinho da dona de casa também está internado.
“Estamos em surto. Muita gente com dengue. Não tem agentes de endemias, os agentes de saúde nem vêm aqui. Às vezes eles vão até alguma casa, mas é rapidinho. E eles sabem do surto. Falei que tinha muita gente com dengue e elas não deram a mínima”, lamentou Samayra.
Ela é mãe de Leandro, que convive com epilepsia e precisa de atenção médica constante com 8 remédios diários para sobreviver. Samayra teme pela vida do filho, que pode não aguentar o tratamento caso seja acometido pela dengue.
“Ele não pode adoecer, principalmente com dengue. Ela ataca o fígado que, do meu filho infelizmente não é bom. Por conta das medicações que ele toma diariamente e eu fico com ele dentro de casa o tempo todo, mas eu tenho que sair para as terapias e eu tenho medo do mosquito ferrar ele. Fiz a denúncia para a prefeitura, eles mandaram um número para mim que nem sequer existe”, destacou a mãe.
Casos
De acordo com um levantamento da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) do Amapá, de 1º de janeiro até 13 de julho a capital já registrou 2.274 casos prováveis de dengue e lidera as estatísticas, seguida de Tartarugalzinho, com 1084 casos e Calçoene, com 825.
O aposentado Natal Lobato, de 80 anos, recebeu alta há cerca de 20 dias após receber o diagnóstico. Ele contou que todos na família dele já ficaram doentes.
“Melhorei, mas sinto fraqueza. No posto só falam que é para a gente se hidratar”, afirmou o idoso.
Ainda segundo o balanço da SVS, o Amapá tem incidência de 990,5 casos para cada 100 mil habitantes, com um aumento de 1.519% comparados com o mesmo período em 2023. Os municípios com menos ocorrências são Pedra Branca do Amapari, Amapá e Cutias, com 1, 2 e 3 registros, respectivamente.