Empresa que administra hospital da Unimed fala sobre crise e dívidas com médicos

Diretor garantiu que atendimentos não serão interrompidos a beneficiários de plano
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Por SELES NAFES

A direção da empresa que arrendou o hospital da Unimed Fama, de Macapá, falou neste fim de semana sobre a crise que atravessa. Na semana passada, a unidade foi alvo de notificação de órgãos de fiscalização e foi recomendada a não fazer novas internações. O diretor comercial da ABM, Bruno Lucas, também comentou sobre os salários e plantões atrasados desde março e sobre o atendimentos a beneficiários do plano de saúde

Por que os plantões e salários dos médicos não foram pagos a partir de março?

Ao assumir o hospital, nos comprometemos a integrar todo o corpo funcional e salários a partir do dia 1⁰ de março. Sendo que os prestadores de serviços eram cientes do prazo de pelo menos 90 dias do plano de saúde para o recebimento de seus proventos. Em cláusula contratual, estava determinado que os atendimentos do plano de saúde vigente não poderiam ter interrupções para não deixar os clientes desassistidos.

Mesmo antes do pagamento de fevereiro, o qual era obrigação ainda da antiga administradora, e já se passando 120 dias de atraso, nós, por nos solidarizarmos com os demais, adiantamos 50 ٪ do salário de março, que era nossa competência, mesmo que para isso, desviando de outros investimentos necessários visando suprir esta demanda. Infelizmente, por problemas jurídicos, e não por decisão da diretoria do plano, também não nos repassaram os valores já faturados.

Ainda assim, em comunicado para todos, pedimos a compreensão por ter fugido de nossa alçada. Muitos entenderam a situação, e acabamos sendo surpreendidos com este pequeno grupo dissonante das tratativas previamente alinhadas.

Quais as condições do acordo entre a ABM e a Unimed?

Trata-se de um arrendamento por 20 anos. Onde nos comprometemos a continuar atendendo os beneficiários do plano. E, além disso, mantemos o corpo funcional CLT para não gerar transtornos.

Hospital foi alvo de fiscalização. Fotos: CRM/Divulgação

É verdade que a Unimed nunca pagou a empresa?

Infelizmente há barreiras judiciais que os impediram de nos honrar com os repasses. Não acreditamos que foi por má intenção e, sim, por causas trabalhistas que emperraram o processo já planejado.

ABM não precisaria ter capital para garantir a operação nos primeiros meses?

Acreditamos no potencial do Estado e fomos solidários a todos os envolvidos.  Investimos grande quantia de capital visando expansão e reformas. Mesmo assim, pagamos parte dos repasses médicos com o capital próprio, por sermos solidários. Esperávamos uma certa demanda para contratos solicitados de imediato por instituições diversas. Porém, devido à burocracia necessária, houve um delay significativo do retorno. E devido a nossa cláusula contratual, convergimos todo o nosso esforço para o plano anteriormente exclusivo no atendimento do hospital, para não prejudicar os pacientes/clientes. Infelizmente não contávamos com as dificuldades de retorno por parte dos mesmos.

Qual a previsão de pagamento dos profissionais?

Todos nós somos cientes de nossas responsabilidades, nós do HMZ (Hospital Marco Zero) e o corpo clínico. Ao nosso ver, tudo se decide em comum acordo e não externando de forma exacerbada, talvez por falta do real conhecimento da dinâmica de repasses. A partir do momento que fomos compelidos a tomarmos uma decisão imediata, visando não parar o atendimento, tivemos que contratar uma outra empresa médica, a qual se comprometeu a suprir a demanda para não estagnar o serviço. Aos demais, sentaremos com o objetivo de alinhar o pagamento do que lhes são devidos.

O hospital continuará fazendo internações?

Nunca houve interrupção de internação de qualquer paciente. O que houve, em apenas por curto período, foi a resistência de profissionais supracitados em não continuar no plantão de uma maneira repentina e brusca, nos levando a contornar a situação em tempo hábil. As internações nunca deixaram de ser uma realidade. Não é política nossa fazermos acepção de pacientes.

O hospital corre o risco de fechar?

Um novo hospital está apenas iniciando. Mesmo com as surpresas desagradáveis e tempestuosas, continuaremos com o nosso objetivo de sermos mais uma ferramenta para a assistência à saúde desta população que aprendemos a respeitar e cuidar com todos os nossos esforços.

Seles Nafes
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