Por SELES NAFES
O aterro controlado de Macapá, localizado no KM-14 da BR-210, dá sinais de que não é mais ‘controlado’. Da pista, é possível perceber que os resíduos não estão mais sendo aterrados na velocidade em que chegam, e viram grandes montanhas de lixo a céu aberto.
Imagens do drone do Portal SN revelam um cenário ainda pior. A Secretaria de Zeladoria Urbana da prefeitura de Macapá se posicionou sobre o tema e admitiu problemas da empresa, que teria créditos a receber.
O aterro substituiu a antiga lixeira pública de Macapá, que operou até 2013 no KM-5. Hoje, o local recebe mais de 100 veículos por dia com lixo da região metropolitana de Macapá, que também inclui os municípios de Santana e Mazagão.
No entanto, é da capital, onde se concentra mais de 60% da população do Amapá, que sai a maior parte do lixo. Nos últimos anos, o local passou a ser administrado pela empresa Rumus, contratada pela prefeitura de Macapá.
Em fevereiro, o aterro foi vistoriado pelo Ministério Público e órgãos ambientais. Na época, a empresa se queixou de atraso nos pagamentos da prefeitura da capital há pelo menos cinco meses.
A quantidade de lixo exposto atrai nuvens de urubus, que pousam na BR-210 e provocam acidentes e prejuízos a motoristas, como para-brisas e faróis quebrados.
Além disso, moradores da Ilha Redonda suspeitam que o chorume (líquido altamente tóxico produzido pelo lixo em decomposição) pode estar afetando o lençol freático da região, já que o resíduos não estariam sendo colocados nas células com mantas que isolam do contato com o solo.
Mas é dentro do aterro que as imagens mais espantosas aparecem, demostrando que não há nenhum tipo de organização na separação do lixo. Os catadores, batizados de “carapirás”, se misturam aos resíduos. Eles dividem espaço perigosamente com um trator, em plena atividade.
Chorume e defasagem
Procurado pelo Portal SN, o secretário de Zeladoria Urbana de Macapá, Helson Freitas, negou que exista contaminação do lençol freático. Segundo ele, a foto em que aparece o chorume escorrendo estaria num local que tem uma manta.
“Essa tubulação que aparece (na foto) canaliza o chorume. Tem uma manta por baixo que não deixa contaminar o solo. É natural que o lixo se decomponha. Em seguida, a máquina vai revestir esse material. 90 dias atrás colocamos uma nova manta, que é cara e importada”, disse ele.
Helson informou que um acordo assinado no Ministério Público reajustou o preço pago para a Rumus, que estaria defasado há vários anos. Apesar da defasagem, o secretário admitiu que existem três meses de atraso de pagamento e uma suposta dívida acumulada de R$ 3 milhões, que estaria atrapalhando a operação da empresa.
“Fizemos um reajuste junto ao MP de 2015 para 2020. Em agosto vamos atualizar para o preço de 2021. É um impacto muito grande para o orçamento da prefeitura”.