Por LEONARDO MELO
Torcedores de um dos clubes com a maior torcida do Amapá foram surpreendidos e entristecidos ao notar, nesta semana, o início das obras de um novo empreendimento no terreno que abrigava a sede do Independente Esporte Clube (IEC). O espaço, que foi leiloado devido a dívidas trabalhistas, encerra o sonho dos fãs de que o patrimônio pudesse, um dia, retornar às mãos do clube.
A torcida aponta as gestões passadas como as responsáveis pelo declínio do Independente. Desde a profissionalização do futebol amapaense, em 1995, o IEC acumulou dívidas que nenhuma diretoria conseguiu sanar.
A sede, avaliada em R$ 2 milhões, foi leiloada em 1993 para quitar uma dívida de ‘apenas’ R$ 126 mil. O imóvel foi arrematado por R$ 135 mil, valor ainda parcelado em 60 vezes. Em 2015, Olavo Almeida, então membro do Conselho Deliberativo do clube, explicou a situação.
“As dívidas se acumularam ao longo dos anos, e a falta de compromisso de algumas diretorias agravou ainda mais o problema. O imóvel, localizado no centro da cidade e avaliado em R$ 2 milhões, foi arrematado por uma ‘bagatela’, parcelada. Faltou empenho e responsabilidade dos diretores para resolver a questão”.
Fundado em 1962, o IEC tem uma das histórias mais marcantes do futebol amapaense. Seu maior triunfo foi a conquista do Copão da Amazônia, em 1989. Na era profissional, o Verdão conquistou cinco títulos estaduais. Atualmente, com uma nova diretoria no comando, os torcedores ainda mantinham a esperança de reaver o patrimônio perdido – esperança que, agora, se esvai.
“É muito triste passar por aqui e ver a história do Carcará se desfazendo. Lamentavelmente, alguns irresponsáveis da antiga diretoria deixaram a sede escapar. Nós ainda tínhamos esperança de que alguém, seja a prefeitura, o governo ou um senador, pudesse nos ajudar. Mas, pelo visto, não teve jeito. Nosso sonho acabou”, desabafa, com lágrimas nos olhos, o servidor público Ursulino Vinhas.
Apesar da situação, os torcedores do Independente prometem intensificar as ações numa “última tentativa” de recuperar o terreno. Eles planejam manifestações e prometem pressionar as autoridades para que tomem alguma atitude.
“Não dá para ficar calado vendo essa situação. Sabemos que a atual diretoria não tem culpa e fez várias tentativas para reaver o terreno. O que falta é atitude do governo, da prefeitura e até dos senadores, que poderiam intervir. Ao longo dos anos, ouvimos muitas promessas não cumpridas. É lamentável ver tudo isso acabar nas mãos de um grande empresário que não liga para os torcedores. Só um aviso: não vamos comprar nada lá”, afirmou o torcedor Renan Baia.
Desde 2021, o Independente voltou a disputar competições pela Federação Amapaense de Futebol (FAF) sob a presidência de Rodrigo Tork. O Portal SN procurou a diretoria do IEC, que prometeu se pronunciar sobre o caso em breve.