Por SELES NAFES
O ex-deputado estadual Alberto Negrão, hoje filiado à Rede Sustentabilidade, tenta retornar à vida pública com mandato eletivo, apesar de todas as complicações judiciais que ele colecionou em quatro anos (chegou a ser alvo da Polícia Federal). Esta semana, a justiça eleitoral condenou a 4 anos de prisão uma ex-assessora do gabinete dele pelo crime de ‘rachadinha’.
Ao proferir a sentença, o juiz Diego Moura, da 2ª zona eleitoral, afirmou que os dois faziam parte de uma organização criminosa que desviava dinheiro da Assembleia Legislativa para comprar votos nas eleições de 2020.
O processo apurou que pelo menos 15 pessoas participavam do esquema, entre eles o então deputado e a esposa (condenados), além de cunhados, amigos, maridos e esposas, todos nomeados no gabinete dele.
No caso de Larissa dos Passos Reis, que é enfermeira, ela tinha um contracheque de R$ 3,1 mil, mas admitiu que só ficava com R$ 571. O restante era repassado para o deputado e para a campanha do então candidato a vereador nas eleições de 2020, Hélio dos Passos Reis, irmão dela.
De acordo com o processo, entre 2019 e 2021 (1º e único mandato de Negrão), teriam sido desviados quase R$ 2 milhões do gabinete dele em rachadinhas, segundo apurou a Polícia Federal. Em 2020, parte desse dinheiro (R$ 450 mil) teria sido usado na compra de votos por meio de cestas básicas, consultas, exames e outros “favores” a eleitores de Hélio Reis, que não foi eleito.
Sem tempo para cumprir acordo
Inicialmente, a ação contra Larissa tramitou no TRE, onde ela admitiu os crimes e aceitou um acordo para suspender o processo, em troca de prestação de serviços comunitários. No entanto, ela não cumpriu o acordo alegando que não tinha tempo para conciliar os serviços comunitários com a rotina de trabalho.
“Não é o Poder Judiciário quem tem que se adaptar à ré, e sim o contrário”, comentou o magistrado.
Por isso, o processo dela voltou para a primeira instância, culminando na condenação por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Larissa poderá recorrer em liberdade, mas terá que pagar uma multa.
Já Alberto Negrão, que é médico, é candidato a vereador pela Rede. O pedido de registro dele foi deferido pelo Tribunal Regional Eleitoral, porque o processo das rachadinhas ainda não teve julgamento em todas as instâncias. Na declaração de bens entregue ao TRE, ele informou possui apenas R$ 97 mil em patrimônio.