Por RODRIGO DIAS
O coração de lutador do amapaense bateu forte nesta terça-feira (3), mas de uma forma diferente. Pessoas de várias idades passaram pela academia do lutador social Nelson dos Anjos, localizada na 8ª Avenida dos Congós. Mas, dessa vez, não para participar das aulas gratuitas de boxe oferecidas no projeto “Formando Campeões”, criado por ele, e sim para se despedir do eterno professor, que salvou vidas através do esporte que tanto amava.
Ex-pugilista, Nelson faleceu ontem (2), após complicações de saúde.
Aurélio Monteiro, amigo de longa data, conheceu Nelson em 1996 e, desde então, viu de perto o impacto que ele teve na vida de tantos jovens. Com a voz tomada pela emoção, ele relembrou os rounds da vida e luta de Nelson e seu projeto.
“Ele não foi apenas um professor de boxe, ele foi um pai, um guia. O projeto que ele criou é único, atendendo crianças, adolescentes e jovens que, muitas vezes, só encontravam um futuro melhor graças a ele. Igual a esse projeto, não existe. Ele era um pai para essa garotada. Por isso, peço que as pessoas não deixem esse projeto morrer, que ele possa continuar. Empresários, políticos, quem puder ajudar. Ele merece ter esse legado mantido”, comentou.
Roneri Silva de Freitas conheceu o projeto aos 9 anos e sonhava em treinar no local. Ele entrou e aprendeu muitos ensinamentos. Hoje, com família e trabalho, ainda carrega os apelidos que o mestre lhe deu: “loiro” e “groselha”.
“O professor foi um pai para nós. Passávamos dificuldades, às vezes não tínhamos o que comer em casa, e ele nos chamava de canto e dividia o pouco que tinha para não ficarmos com fome. Ele nos ensinou a ser pessoas do bem e a seguir o caminho certo. Vai fazer muita falta”, lembrou, emocionado.
Vários outros ex-alunos também foram se despedir de Nelson dos Anjos. O velório foi marcado por homenagens de ex-alunos, amigos e admiradores. Cada um ali presente tinha uma história com Nelson para contar, um momento especial que o mestre havia proporcionado.
E quando o corpo deixou a academia, em cortejo no caminhão do Corpo de Bombeiros até o cemitério São José, no bairro Santa Rita, a sensação era de tristeza misturada com gratidão, por tudo que o verdadeiro campeão proporcionou ao Amapá.