Da REDAÇÃO
Uma expedição inédita na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru, no município de Laranjal do Jari, a 290 km de Macapá, encontrou árvores gigantes da espécie Dinizia excelsa Ducke, popularmente conhecida como angelim-vermelho.
O achado foi de uma equipe de pesquisadores dos Jardins Botânicos do Rio de Janeiro, de Nova Iorque e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com apoio do Governo do Amapá.
A localização das mega-árvores no local revela que o Amapá, no Extremo Norte do Brasil, também faz parte da rota dessa espécie centenária. Uma das árvores localizada tem cerca de 70 metros de altura, o que equivale a um prédio de 24 andares.
O pesquisador da Universidade Federal do Paraná, Paulo Labiak, afirmou que as árvores gigantes ocorrem em praticamente toda a Amazônia, mas no Amapá e no Pará, a espécie é encontrada com alturas muito maiores que em outros locais. Os motivos que levam a esse crescimento ainda são desconhecidos.
“Existem vários pesquisadores tentando compreender esse fenômeno impressionante, se é a influência do solo ou o tipo de clima que faz com que as árvores cresçam dessa forma. E, muito provavelmente, elas estão muito antes dos portugueses chegarem ao Brasil. É fundamental que esses estudos continuem para compreendermos melhor o comportamento e os fatores que geram a regeneração dessas árvores na unidade de conservação, pois é muito difícil encontrar indivíduos jovens se regenerando”, enfatizou Labiak.
Segundo a coordenadora da equipe de botânicos, Rafaela Forzza, os angelins gigantes só ocorrem dentro de diversas unidades de conservação que estão na faixa do Amapá e do Pará, como Parna das Montanhas do Tucumaque, Flona da Mulata, RDS do Rio Iratapuru, Esec Jari e Rio Paru.
“É uma faixa que essas árvores conseguem chegar a uma altura magnifica. Ao longo do rio, foi possível observar que os angelins estão acima de todas as outras espécies, pois, quando termina a copa de árvores normais, eles se estendem de 30 a 40 metros acima. Aqui é mais um território de árvores gigantes e mais um lugar documentamos na Amazônia”, destaca Rafaela.
A RDS do Rio Iratapuru de uso sustentável, considerada santuário de belezas naturais, além de paisagens impressionantes e árvores monumentais, possui fonte de água mineral e 21 corredeiras ao longo do rio. Os moradores são extrativistas e vivem da colheita da castanha, do trabalho na cooperativa que beneficia o fruto e da pesca artesanal.
A expedição segue até o dia 26 de outubro.