Por RODRIGO DIAS
Durante as homenagens ao missionário e universitário Márcio Sousa Silva, de 49 anos, morto a tiros em via pública na última terça-feira (22), as lágrimas vieram acompanhadas de desabafos.
No velório, realizado em uma igreja evangélica no bairro Muca, muitas pessoas pegaram o microfone para descrever Márcio como um ser humano dedicado e prestativo.
Um irmão, que pediu para não ser identificado por receio da violência, detalhou que Márcio era um filho dedicado à mãe: tratava os cabelos, acompanhava ela em afazeres e na igreja, entre outras atividades que faziam juntos.
“Quero justiça, quero que todos paguem pelo o que fizeram com meu irmão. Não guardo ódio no meu coração, mas tudo está nas mãos de Deus. Quero lembrar do meu irmão com um grande homem que ele era”.
Durante o velório, outro membro da família afirmou que Márcio foi assassinado porque tentou evangelizar viciados – usuários de drogas que são ‘clientes’ assíduos de bocas de fumo do Bairro Muca. Isso teria motivado sua morte.
“Ele foi falar de Jesus Cristo para usuários de drogas na ponte. Eles [traficantes] ameaçaram ele e ele rebateu, dizendo que chamaria a polícia. Coincidentemente, a polícia foi e fechou a boca no outro dia. Talvez, por isso, Márcio ficou marcado por eles para morrer”.
As suspeitas do familiar, corroboram com uma das linhas de investigação mencionadas pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, delegado José Neto, que hoje pela manhã conversou com a imprensa sobre o caso. Ele afirmou que entre as hipóteses consideradas pela polícia como motivação do crime está a possibilidade do missionário, de alguma forma, ter sido visto por membros do crime organizado como um empecilho à comercialização de entorpecentes na região.
“(…) de alguma forma, os criminosos acreditavam que ele poderia estar atrapalhando o comércio de entorpecentes naquela região. De qualquer forma, tudo será investigado a fundo, e já há suspeitos de quem seriam os mandantes”, declarou o secretário.
Márcio não tinha passagem pela polícia. A família disse que não teve conhecimento que ele tenha feito alguma denúncia. A Sejusp também informou que não teve conhecimento que Márcio teria entrado em contato com forças de segurança.