Suriname enfrenta seca histórica e troca experiências com o Amapá

Delegação de pesquisadores do Amapá no reservatório quase seco da hidrelétrica do Suriname
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Por SELES NAFES, de Paramaribo
Pesquisadores do governo do Amapá e do Suriname iniciaram nesta quinta-feira (31), em Paramaribo, capital do Suriname, a 2ª Conferência Bio-plateaux, evento financiado por bancos europeus que visa definir cooperações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Assim como os rios do Amapá, o rio Suriname enfrenta níveis críticos históricos, que podem ameaçar a geração de energia na região.
O Suriname, antiga Guiana Holandesa, é um país independente desde meados do século 20. Dos 250 mil habitantes, mais de 40% são indianos, e quase 10% são migrantes brasileiros. A economia local é baseada na exploração de ouro, petróleo e no turismo, impulsionado pelos cassinos.
No entanto, o número de turistas tem diminuído em algumas regiões. Na parte leste do reservatório da hidrelétrica de Brokopondo, um complexo turístico teve suas atividades paralisadas devido à seca, que deixou o leito do reservatório quase aparente, prejudicando a navegação recreativa e a produção de energia.

Hidreletrica de Bronkotondo…

Tem cinco turbinas e é gerida por um estatal

Seca afugentou turstas

Com 16 barragens de apoio, a hidrelétrica foi inaugurada em 1964 pelo governo do Suriname, com um reservatório capaz de armazenar 22 bilhões de metros cúbicos.
Contudo, o nível máximo foi atingido apenas uma vez, em 1974, conforme informou Truus Warsodikromo, representante do Ministério da Água do Suriname. A usina possui cinco turbinas, cada uma com capacidade de gerar 38 megawatts de energia.
“A esperança é que chova logo”, desabafou um representante do governo surinamês. A seca, que começou em agosto, já deveria estar terminando.

Representantes do governo torcem pela chuva

Delegação conheceu uma das estação de medição do volume de chuva, que não cai há três meses

Técnico do Suriname mostra como é feito do monitoramento da água do reservatório

Mas não é só a seca que preocupa. O país tem enfrentado fenômenos climáticos extremos e opostos, alternando entre estiagem e enchentes. Há menos de dois anos, por exemplo, uma enchente obrigou a hidrelétrica a liberar um volume colossal de água, afetando dezenas de comunidades que precisaram ser realocadas.
Uma delegação do governo do Amapá levou pesquisadores para o Suriname, com o objetivo de aprender e compartilhar novas experiências. O geólogo Wagner Costa, do Iepa, descreveu o cenário de geração de energia do Amapá, que possui um sistema composto por quatro hidrelétricas e uma rápida expansão da geração de energia solar, responsável atualmente pela produção de 48 gigawatts diários.

Wagner Costa, do Iepa: Amapá iniciou sua transição energética

Pesquisas do Amapá e do Suriname discutem meios de mitigar os efeitos das mudanças climáticas

“Hoje, somando as hidrelétricas, usinas térmicas e energia solar, o Amapá gera 3,2 mil gigawatts-hora para o Brasil, mas só consome 1,2 mil. Mas o estado vive uma transição energética”, destacou o pesquisador.
A 2ª Bio-plateaux continua até amanhã, em Paramaribo, com um debate sobre os esforços de preservação das bacias dos rios Maroni e Oiapoque. A delegação é composta por pesquisadores e representantes da Secretaria de Relações Internacionais.

Seles Nafes
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