Por RODRIGO DIAS
Advogados e advogadas realizaram um ato de apoio à tesoureira da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amapá (OAB/AP), Roane Souza Góes, que denunciou assédio moral institucional praticado pelo presidente da entidade, Auriney Brito. A manifestação, pacífica, ocorreu na tarde desta sexta-feira (4), em frente à sede da instituição, no Centro de Macapá.
A advogada, que ocupa o cargo desde o início do triênio 2022/2024, afirma que vem sendo impedida de exercer suas funções como tesoureira, sofrendo bloqueios no acesso ao sistema da tesouraria e falta de justificativa para pagamentos a fornecedores.
Segundo Roane, o assédio teria começado após o seu retorno às atividades em novembro de 2023, após um afastamento por questões de saúde.
“Exerço a função de diretora tesoureira da OAB Amapá. Aliás, deveria estar exercendo, né? Desde o meu retorno não tenho acesso aos sistemas da instituição, não tenho respostas dos ofícios que encaminho, não tenho respostas das despesas que estão sendo realizadas”, relatou a advogada.
Ela também destacou que algumas despesas são realizadas sem que estejam previstas no orçamento e sem passar por seu crivo, conforme determina o regimento interno da instituição.
Roane Góes ingressou com uma ação de exibição de documentos na Justiça Federal (nº 10176479520244013100) para tentar ter acesso às informações sobre a gestão financeira da OAB/AP. Além disso, fez representações ao Conselho Federal da OAB em busca de respostas sobre o que considera uma “violação das suas prerrogativas como tesoureira da instituição”.
O caso repercutiu entre os advogados do estado, que se uniram em apoio à tesoureira. Durante o ato, Roane fez um desabafo sobre as dificuldades que vem enfrentando.
“Eu me sinto usurpada, aviltada. Chegou uma situação tão crítica que fico me perguntando se isso não é uma violência de gênero, se não é porque eu sou mulher e ‘eu posso fazer isso com ela, que ela não vai fazer nada’. Nós mulheres sofremos duas vezes mais. Nós temos que demonstrar nossa competência, provar nossa competência três vezes mais. Em casa, no trabalho, é aqui. A gente se desdobra para entregar o melhor trabalho e, no final das contas, não ser respeitada: isso é decepcionante”, declarou, visivelmente indignada.
Além do assédio moral, Roane apontou a falta de transparência na gestão do presidente da OAB/AP, que, segundo ela, a bloqueou até mesmo no WhatsApp, dificultando ainda mais a comunicação institucional.
“Como que eu consigo gerir as contas da OAB se eu não consigo nem conversar com o presidente?”, questionou.
O Portal SN tentou falar com o presidente Auriney Brito, mas o expediente externo foi facultado hoje em razão de luto na instituição por causa do falecimento de uma advogada.