Por OLHO DE BOTO
Um caso de homicídio que envolve vingança e a história de uma mãe que perdeu quatro filhos – mortos em confrontos policiais e por membros de organização criminosa – foi desvendado pela Polícia Civil do Amapá.
Essa mulher, de 50 anos, foi presa pela equipe da Delegacia de Homicídios após uma investigação que a apontou como a mandante de um crime brutal, ocorrido em abril deste ano: a morte do adolescente Gabriel Silva, de 17 anos, que foi capturado, executado e enterrado em um matagal na zona norte de Macapá.
A polícia não divulgou o nome da acusada, mas o Portal SN apurou que ela é conhecida no meio da criminalidade como Rosinha.
Segundo o delegado Leonardo Leite, titular da Homicídios, a investigação começou no dia 22 de abril, quando a família de Gabriel Silva registrou o desparecimento dele. As informações eram de que ele teria sido visto pela última vez em um beco no Canal do Jandiá. Três dias depois, já no dia 25, o corpo do adolescente foi encontrado através de uma informação que chegou à família de uma forma incomum, direcionada pela internet.
“Familiares teriam recebido mensagens de um perfil ‘fake’ do Facebook de que o corpo da vítima estaria na localidade do Bueirinho [Bairro Infraero 1, zona norte]. A equipe investigações foi ao local e encontrou um corpo enterrado com as mãos e pés amarrados e com a boca amordaçada”, detalhou o delegado.
O cadáver da vítima já estava em estágio de decomposição. Apenas o braço direito estava de fora da cova rasa. A perícia constatou perfurações na cabeça e nos ombros.
Motivação
Rosinha foi presa na segunda-feira (30), em sua residência, localizada no Bairro São Lázaro, comunidade vizinha ao Infraero, onde o corpo de Gabriel Silva foi encontrado. Na casa dela, foram apreendidos fios e barbantes similares aos utilizados para amarrar a vítima.
“O laudo da Polícia Científica afirmou que os fios eram compatíveis”, ressaltou o delegado.
Segundo as investigações, assim como seus quatro filhos mortos, ela é integrante de organização criminosa.
Rosinha foi indiciada como mandante de homicídio com três qualificações: à traição, à emboscada, e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Na audiência de custódia, a justiça decidiu mantê-la presa. Por isso, foi transferida para a ala feminina do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), o mesmo presídio onde um de seus filhos foi assassinado. Outros dois morreram em confrontos com a polícia. E o quarto teria sido executado por facionados rivais.
Foi a morte desse último filho que provocou o sentimento de vingança em Rosinha, segundo as investigações. Ela acreditava que Gabriel Silva tinha envolvimento direto no assassinato do seu filho. Então arregimentou outros membros da facção a qual pertence e ordenou que capturassem e executassem Gabriel.
De acordo com a polícia, o adolescente também tinha relação com o crime organizado. Ele seria membro de uma facção rival.
“A acusada teria sido motivada a ordenar o cometimento do crime por acreditar que a vítima estaria envolvida no homicídio de seu filho, bem como pelo fato da vítima ter tirado uma foto com o símbolo de uma organização criminosa contrária àquela que ela pertence”, explicou o delegado Leonardo Leite.
As investigações agora se voltam para localizar e prender os executores de Gabriel Silva.