Por SELES NAFES
Um aluno autista de 14 anos, que cursa o ensino fundamental na Escola Estadual Joaquim Caetano da Silva, no município de Oiapoque (590 km de Macapá), foi expulso do veículo e agredido por um motorista de ônibus escolar. O caso foi denunciado pela família à Polícia Civil, e uma representação será apresentada ao Ministério Público.
O crime ocorreu no último dia 31 de outubro, por volta do meio-dia, em frente à escola, localizada no Centro de Oiapoque. O pai do menino autorizou o uso da imagem e do nome do estudante nesta reportagem para demonstrar o perfil do menino.
Segundo relatos da família, as duas empresas contratadas para realizar o transporte de alunos das escolas Joaquim Caetano e Joaquim Nabuco se revezam em uma parceria para economizar combustível. Miguel Vilhena Rocha, de 14 anos, descrito como pacífico e querido pela comunidade escolar, tem o hábito de subir nos ônibus para conversar com os motoristas.
No dia da agressão, o ônibus da linha Joaquim Nabuco estava a serviço da escola Joaquim Caetano, onde Miguel estuda. Ao subir no coletivo, ele não teria sido reconhecido pelo motorista Edmar, conhecido como “Barbinha”.
O garoto foi expulso do veículo, xingado e agredido nas costas pelo motorista. Se não fosse pela mochila que carregava, que serviu como proteção, ele poderia ter saído bastante ferido.
“Ele não conhecia o Miguel, mas isso não justifica a agressão”, ponderou o pai, Ney Cabral, que também é professor na escola Joaquim Caetano.
Testemunha
Uma testemunha prestou depoimento. Ela também é aluna.
“O motorista do (Joaquim) Nabuco, que substituiu o nosso motorista, eles fazem uma troca, acho que ele não sabe quem é o Miguel, filho do nosso professor Ney, de matemática. Ele costuma ficar brincando com o Doca, mas como mudou de motorista, ele foi lá e continuou conversando, brincando. Muitos levam isso numa boa, mas esse motorista do Nabuco não sabe que o Miguel é autista. Mesmo que soubesse não tem direito de agredir um aluno”, disse.
“Colocou ele pra fora e deu uma ripada nele que pegou entre a mochila e a nuca. O Miguel entrou de novo e perguntou pro motorista porque ele tinha agredido. Ele xingou e mandou o Miguel sair de novo. Isso é caso de polícia”, acrescentou.
Em casa, Miguel relatou o ocorrido à família, que imediatamente registrou um boletim de ocorrência. A família também procurou a escola, onde Miguel foi ouvido pela coordenação. Um advogado foi acionado e deverá entrar com uma representação no Ministério Público contra a empresa, que até o momento não afastou o motorista.
Um ofício foi encaminhado pelo pai ao dono da empresa responsável pelo transporte da escola Joaquim Caetano solicitando providências. O Portal SN procurou o responsável pela empresa, Adinaelson França, mas ele não respondeu aos questionamentos.