Fazendeiro preso alega legítima defesa em depoimento à polícia

Francisco Canindé negou premeditação, e informou que sargento atirador desceu do veículo na estrada para se apresentar no quartel
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Por SELES NAFES

O fazendeiro Francisco Canindé da Silva, preso em flagrante sob acusação de homicídio qualificado por motivo fútil, prestou depoimento à Polícia Civil do Amapá logo após o crime, ocorrido no sábado (23). Ele é apontado como o mandante do assassinato do também fazendeiro Antônio Candeia Oliveira, de 80 anos, conhecido como “Maranhão”, na fazenda Boa Vista do Flexal, localizada no município de Amapá, a 310 km de Macapá.

No relato, Francisco Canindé alegou que o crime foi consequência de uma escalada de tensões sobre a posse de terras e que os disparos foram efetuados pelo sargento da reserva do Exército, Antônio Carlos Lima de Araújo, de 59 anos, em suposta legítima defesa após a vítima ter sacado uma arma e atirado. Araújo, que é apontado como o executor do homicídio, está foragido.

O depoimento

Francisco Canindé compareceu à delegacia para comunicar o homicídio, mas acabou preso após a investigação preliminar indicar seu envolvimento como possível mandante. Ele relatou que foi à fazenda no sábado à tarde para “levar insumos para os animais”, acompanhado de um grupo composto por Waldiney Lima, José Adelson, Nilson Cabral da Silva (assistente social que gravou o crime) e Antônio Carlos Araújo.

Segundo Canindé, ao se aproximar da casa na fazenda, encontrou Antônio Candeia, que estaria armado e teria iniciado uma discussão sobre o terreno. Ele afirmou que a vítima fez ameaças, afirmou que continuaria tocando fogo no local e exigiu o pagamento de R$ 700 mil para deixar o terreno.

Trecho do depoimento durante a comunicação do crime pelo acusado

Ainda conforme o depoimento, Antônio Carlos Araújo desceu do carro para confrontar Maranhão. A discussão se intensificou, e os ânimos ficaram exaltados. Canindé disse que Araújo empurrou o idoso, momento em que este sacou uma arma e atirou, mas teria errado o disparo.

Em resposta, Araújo também teria sacado sua arma e atirado contra a vítima “para cessar a agressão”. 

Versão da defesa

Francisco Canindé afirmou que ele e as testemunhas, que estavam dentro do carro, ficaram desesperados e pediram que as agressões cessassem. Ele teria saído do carro em direção à casa para procurar ajuda, mas não conseguiu sinal de celular.

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Após o ocorrido, o grupo retornou ao município de Amapá para buscar auxílio, mas Antônio Carlos Araújo desceu do veículo na entrada da cidade, afirmando que iria se apresentar à corporação militar por ser sargento da reserva do Exército. Até o momento, Araújo segue foragido.

Contradições e investigação

A versão apresentada por Canindé diverge do entendimento da Polícia Civil, que aponta indícios de premeditação do crime. Segundo o delegado responsável pelo caso, Stefano Dagher, o grupo teria provocado Maranhão para simular legítima defesa, sabendo que ele estava armado. Ele deu voz de prisão ao fazendeiro, e escreveu em seu relatório à justiça que o acusado tentou desvirtuar o procedimento investigativo e construir uma falsa versão para os fatos.

Até o fim deste domingo, Francisco Canindé ainda aguardava audiência de custódia.

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