Por RODRIGO DIAS
Arthur Gomes da Silva completará 12 anos nesta terça-feira, 19 de novembro. Pobre, sem os pais e deficiente – sem uma das pernas –, ele poderia nem ter motivos para comemorar, mas sua natureza de guerreiro não permite que esmoreça.
Com uma história de superação, o garoto vê no empreendedorismo a chance de celebrar a vida com um bolo de aniversário. E para isso, ele corre atrás.
O caso de Arthur chama atenção por sua determinação. Apesar de ter apenas uma perna, ele é ativo e até anda de bicicleta. Em junho, o Portal SN contou sua trajetória, destacando a luta diária do menino para ajudar a avó e sobreviver. Quatro meses depois, a batalha continua.
Na primeira reportagem, Arthur trabalhava como flanelinha em um supermercado na zona sul de Macapá. No entanto, ao abordar a reportagem nesta segunda-feira (18), ele revelou que foi proibido de continuar nesse trabalho.
“Eu trabalhava lá há muito tempo. Mas o supermercado mudou de dono. Aí o segurança veio e disse que eu não podia mais reparar carro lá, que não era pra eu ir mais. Tive que me virar pra ganhar o dinheiro pra ajudar a vovó lá em casa”, contou.
Agora, com uma cuba de isopor, compra pacotes de água e as revende por R$ 2 no cruzamento da Rua Santos Dumont com a Avenida Maria Quitéria, no Bairro Buritizal – mesmo endereço onde está o empreendimento que o impediu de atuar como flanelinha. O trabalho é feito após as aulas.
Há dias em que Arthur almoça na calçada do cemitério São José. Algumas pessoas, sensibilizadas por sua situação, doam marmitas ou salgados. Durante a conversa, o menino revelou seu objetivo:
“Estou vendendo água há um tempo, mas agora é pra comprar um bolo pro meu aniversário, só pra não passar em branco. Se sobrar, quero comprar um tênis. Tomara que eu consiga”, disse.
Tragédia que mudou a vida
Arthur nasceu com as duas pernas, mas aos três anos, ao buscar comida em uma feira com uma mulher que costumava ajudá-lo, sofreu um acidente. Em um dia chuvoso, pisou em um fio elétrico descascado e levou um choque. Entre a vida e a morte, sobreviveu, mas teve a perna esquerda amputada.
“Minha avó conta que o médico me desenganou. Mas fui forte e, quando ela foi me visitar, eu acordei e estou até hoje aqui. Meus pais? Minha mãe me abandonou e meu pai está preso. Quem cuida de mim é minha vó, a quem dedico minha vida”, relatou.
Sobre as dificuldades e responsabilidades que assumiu tão jovem, Arthur é claro:
“Moro eu, minha vó, meu primo e meu irmão. Eles ajudam. Ela já é velhinha, eu não posso ficar parado em casa, tenho que correr atrás pra ajudar ela. Eu gosto do que faço. Vergonha é roubar”, afirmou.
Apesar da determinação, Arthur enfrenta limitações. Seu único sapato está furado e sua muleta, quebrada.
Como ajudar
Quem quiser colaborar pode doar alimentos, roupas, calçados ou um bolo de aniversário. As doações podem ser entregues diretamente na casa da família, localizada na Avenida José Gomes Bezerra, nº 2064, no Bairro Santa Rita.
Também é possível fazer transferências bancárias via PIX/CPF 019.488.042-71, em nome de Solange Da Costa. O PIX é confiável e todo o valor será repassado à família. A reportagem acompanhará o processo de doações.