Por SELES NAFES
O Ministério Público do Amapá instaurou um procedimento administrativo para apurar as dificuldades no acolhimento de crianças vítimas de violência no Instituto Macapaense de Pediatria (Impe), unidade de saúde criada pela Prefeitura de Macapá neste ano. A medida foi oficializada por meio de portaria publicada no último dia 11, e visa esclarecer os problemas relatados por funcionários da instituição.
De acordo com informações apresentadas durante reuniões entre o MP e representantes do Impe, ainda não foram implementados treinamentos específicos para os servidores nem criado um protocolo oficial para o atendimento de crianças em situações de violência.
A diretora do instituto, Cláudia Sabino, e a enfermeira Ádila Sampaio, alegaram ao MP que o fluxo de atendimento ainda está em fase de ajustes pela equipe. Entre as dificuldades citadas estão a falta de integração com outras equipes de atendimento e a ausência de uma estrutura adequada para acolher crianças e adolescentes.
Além disso, a assistente social do Impe, Regiane Moura, destacou a necessidade de melhorias na “ambiência da unidade” para proporcionar um acolhimento mais humanizado e efetivo. Segundo relatos, embora o sistema de regulação tenha sido disponibilizado, os servidores ainda aguardam o treinamento necessário para sua utilização, comprometendo a agilidade e eficiência dos atendimentos.
O promotor de Justiça Wueber Penafort destacou na portaria a importância de concluir as investigações sobre a denúncia anônima que levou à abertura da “Notícia de Fato” há mais de 90 dias. O procedimento administrativo agora instaurado terá o prazo de um ano para apresentar conclusões sobre o caso.
O Impe foi inaugurado com a promessa de ser referência em pediatria na capital amapaense. No entanto, as denúncias de falhas no acolhimento de crianças vítimas de violência revelam desafios estruturais e operacionais que precisam ser superados.