Aos 93 anos, dono do bar mais antigo de Santana relembra tempos áureos da boemia

Frequentado por personalidades de diversas classes sociais, o local é ponto de encontro de boêmios.
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Por JONHWENE SILVA, de Santana

O sucesso de um empreendimento depende, em grande parte, da gestão e dedicação de quem o conduz. Em Santana, a 17 km de Macapá, o Bar Santo André, fundado em 1975, é um marco na história da cidade e o estabelecimento mais antigo em atividade.

Frequentado por pessoas de diferentes classes sociais, o bar é administrado até hoje pelo fundador Andrelino Gonçalves de Araújo, o “Seu André”, que, aos 93 anos, ainda relembra as inúmeras histórias vividas em seu balcão.

Ponto de resistência

Localizado na esquina da Rua Ubaldo Figueira com a Avenida Santana, uma área valorizada da cidade, o Bar Santo André mantém vivas suas características originais em meio à modernização da região. Inicialmente, o empreendimento também funcionava como sorveteria e mercearia, mas foi o bar que consolidou a tradição. “Seu André”, sócio do Independente Esporte Clube, criou os filhos por meio do negócio e presenciou de perto as transformações do município.

Bar Santo André fica …

… numa das esquinas mais conhecidas de Santana. Fotos: Jonhwene Silva

Apesar da saúde fragilizada, ele faz questão de comparecer diariamente ao bar, nem que seja apenas para “jogar conversa fora”. Católico fervoroso, foi casado com dona Tarcísia Santana de Araújo, conhecida na cidade por sua contribuição ao carnaval, sendo homenageada anualmente na figura da boneca “Tarcísia”.

Histórias que marcaram gerações

O Bar Santo André se tornou ponto de encontro para autoridades, boêmios e os chamados “papudinhos”, frequentadores fiéis que consideram o local uma extensão de suas casas. O servidor público José Lázaro Braga, de 72 anos, conhecido como “Torrado”, é um desses frequentadores assíduos.

“Para mim, o bar do Seu André é uma referência. Antes, eu vinha da antiga Vila Cutaca, muito longe, só para estar aqui. O Seu André sempre foi um paizão, me ajudou quando precisei. Hoje faço questão de vir, nem que seja só para dar bom dia”, revelou emocionado.

Seu André criou os filhos por meio do negócio e presenciou de perto as transformações do município

O Bar Santo André se tornou ponto de encontro para autoridades, boêmios e os chamados papudinhos

Entre as muitas histórias que circulam no bar, uma das mais lembradas é a do “Pracaxi”, apelido de um cliente diagnosticado com alcoolismo severo. Após uma recomendação médica para se abster de bebidas alcoólicas por dois meses sob risco de morte, surpreendentemente, ele cumpriu à risca o período, fato que ainda provoca risadas de “Seu André”.

Outro episódio marcante foi a organização de uma confraternização de fim de ano pelos frequentadores. Sem recursos, eles recorreram a doações de conhecidos para garantir o churrasco e a cachaça. A tradição continua até hoje, dez anos depois.

José Lázaro, o Torrado, é frequentador assíduo do estabelecimento

Legado

Em 2025, o Bar Santo André completará 50 anos de fundação. Mais que um negócio, ele é um pedaço vivo da história de Santana, perpetuado pelas histórias e causos de seus frequentadores.

Mantendo sua identidade em meio às mudanças, o bar segue como símbolo de resistência e tradição, cativando gerações e reforçando seu papel como um patrimônio cultural do município.

Seles Nafes
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