Por OLHO DE BOTO
A Polícia Civil do Amapá indiciou três pessoas do estado de Alagoas por crimes de associação criminosa e estelionato. Os acusados são responsáveis por um esquema sofisticado que enganava consumidores da Equatorial Energia, distribuidora de energia elétrica no Norte e Nordeste do Brasil.
A investigação foi da 9ª Delegacia de Polícia da Capital, em Macapá. Segundo a polícia os criminosos utilizavam a fraude conhecida “ataque homográfico” – na qual hackers criam domínios eletrônicos que se parecem visualmente com os sites de empresas legítimas, mas que possuem pequenas alterações de caracteres no endereço eletrônico, quase imperceptíveis a olho nu. O objetivo é enganar os usuários para que acreditem estar acessando um site confiável, e, assim, captar dados e realizar a fraude.
Foi exatamente o que os golpistas do Estado de Alagoas fizeram. Eles criaram domínios eletrônicos semelhantes ao da companhia de energia, simulando o ambiente oficial da empresa. Quando usuários entravam na internet e procuravam no Google o endereço do site da CEA Equatorial, acabavam acessando o site falso, pois os criminosos haviam pago o serviço de impulsionamento do site falso – que o coloca no alto da pesquisa por sites.
Com estratégias para dar precedência a esses sites em ferramentas de busca, os golpistas atraíam consumidores que buscavam formas de pagar suas contas de energia. A partir disso, geravam boletos falsos que, ao serem pagos pelas vítimas, desviavam os valores para contas bancárias ligadas ao grupo criminoso.
“A gente teve alguns casos aqui no Amapá e fora do Amapá, mas a gente não tem ainda esse número fechado, porque são dezenas de vítimas e eles cobravam o mesmo valor da fatura da CEA Equatorial, porque os infratores eles têm uma ferramenta que a indexação de um site falso com o site verdadeiro da empresa, e, aí, simultaneamente, a consulta feita pelo usuário, o site falso interage com o site verdadeiro e já obtém o valor da fatura, é nessa hora que o falso boleto é gerado e direciona o pagamento para as contas dos criminosos”, explicou o delegado Nixon Kenedy, responsável pela investigação.
Segundo ele, a organização tinha funções bem definidas: alguns integrantes elaboravam as estratégias fraudulentas, enquanto outros cediam contas bancárias para o recebimento dos valores ilícitos
“Isso demonstra uma estrutura bem organizada e de atuação remota”, completou.
As vítimas, acreditando ter quitado suas contas de energia, sofriam prejuízos financeiros e só percebiam o golpe quando tinham o fornecimento de energia interrompido por falta de pagamento. A atuação do grupo afetou consumidores de diversos Estados, evidenciando o alcance da fraude.
A polícia reforça a necessidade de atenção redobrada ao pagar boletos de energia, especialmente por meio de sites ou aplicativos. Entre as recomendações estão: verificar a autenticidade do site da empresa de energia antes de realizar qualquer transação; conferir os dados do boleto, como CNPJ e instituição financeira; suspeitar de pagamentos direcionados a contas de pessoas físicas, o que é um indicativo de fraude.
A investigação revelou que os golpistas atuavam remotamente, o que dificultava a identificação imediata. No entanto, o trabalho minucioso da 9ª Delegacia da Capital resultou na coleta de provas e no indiciamento dos envolvidos. O site falso já foi derrubado da internet. Os nomes dos envolvidos não foi divulgado pelas autoridades.