Por ALLAN VALENTE
Uma embarcação doada pelo Estado ao Município de Macapá para ser utilizada no combate à malária está abandonada na região do Curiaú Mirim, comunidade quilombola do Amapá, a 12,8 km do centro de Macapá.
Entregue pelo governo estadual à prefeitura através de um Termo de Doação no ano de 2014, o veículo fluvial visava atender o Programa Nacional para o Controle da Malária para melhor monitorar os indicadores – de casos e de óbitos – gerados pela doença.
Atualmente, o barco estava na responsabilidade da Secretaria de Vigilância em Saúde municipal, órgão atrelado ao Departamento de Vigilância Ambiental de Macapá, localizado no Bairro do Cabralzinho.
A denúncia sobre o descaso veio de funcionários da prefeitura, que não quiseram se identificar por medo de represálias políticas. Eles alegam que o veículo era de grande importância para a realização do controle de malária na capital, sobretudo para cuidados com a saúde de ribeirinhos e a população da zona rural que vive em condição de vulnerabilidade social.
“Não sabemos a causa e nem a justificativa, isso que queremos saber. A lancha está encalhada no Curiaú Mirim. Já foram retiradas várias peças da lancha e estão sob a coordenação do Departamento de Vigilância Ambiental”, denunciou um dos funcionários em contato com a reportagem.
Ele explicou que a embarcação era importante porque dava suporte não apenas à endemia, mas também era usado no apoio de ações de saúde, vacinação e outros cuidados com a saúde de quem mora em regiões de acesso fluvial.
À época em que foi entregue pelo governo à prefeitura, o então prefeito, Clécio Luís, determinou restaurações e completa reforma na embarcação, batizada de Amazonas I após os reparos.
Mas na transição de gestão da prefeitura a Furlan, o veículo teria sido deixado em total abandono, sem realização de manutenções periódicas, apontaram os denunciantes.
“Após a reforma, a lancha foi bem aproveitada, servindo a contento seus trabalhos, mas no final da gestão do Clécio, a lancha, que apresentava defeitos, precisando de manutenção, foi esquecida pelo atual prefeito, que não implementou nenhum reparo, acabando por encostar o barco e suspender seus serviços”, lamentou.
O Amazonas I realizou vários serviços de saúde na região, dispunha de equipamentos tecnológicos avançados como revés e sonar, o que tornava sua navegação mais eficiente.
Além dos serviços busca ativa, borrifação residual, diagnósticos da malária, o barco abrigou outras atividades como controle de zoonose e entomologia.