Por SELES NAFES
A Petrobras apresentou nesta quarta-feira (29) ao governador do Amapá, Clécio Luís (SD), a maior estrutura de ‘pronta resposta’ do Brasil para eventuais acidentes na exploração de petróleo. O investimento, que supera os valores aplicados em bacias do Sudeste, foi detalhado ao governo estadual após a emissão do licenciamento ambiental que permitiu a construção da estrutura em Oiapoque, cidade a 590 km de Macapá na fronteira com a Guiana Francesa.
O projeto atende aos requisitos estabelecidos pelo Ibama e inclui uma sonda, 12 embarcações, três helicópteros, um Centro de Defesa Ambiental e dois Centros de Despetrolização e Reabilitação de Fauna. Um desses centros já está operando em Belém desde 2023, enquanto o de Oiapoque está previsto para ser concluído no primeiro trimestre deste ano.
“A construção da unidade de fauna em Oiapoque foi licenciada pela nossa Secretaria de Estado do Meio Ambiente, atendendo a todos os requisitos, e deve ser concluída em março. Se esse era o último requisito, ele deveria ter sido colocado como condicionante, para que pudéssemos nos preparar da melhor maneira possível, sem abrir mão das questões ambientais. Não há incompatibilidade nesse sentido”, destacou o governador Clécio Luís.
Essas bases de acolhimento à fauna são as últimas condições exigidas para a liberação da licença de exploração na região. O Ibama havia indeferido, em outubro do ano passado, o pedido da Petrobras para iniciar a exploração na costa do Amapá, apontando a falta de uma estrutura de resposta rápida e a ausência de um local próximo para atendimento à fauna em caso de acidente.
Prontidão
Para garantir um tempo de reação adequado, a Petrobras destinou seis embarcações equipadas para resposta à fauna, contando com veterinários e especialistas de prontidão, além de outras seis embarcações projetadas para contenção e recolhimento de óleo. Essas embarcações funcionarão em esquema de revezamento ao redor da sonda de perfuração. Também está prevista a construção de um porto em Belém e de um aeródromo em Oiapoque, fortalecendo a infraestrutura da operação.
“A Petrobras conduz o projeto com total segurança, sem riscos adicionais. Apresentamos todos os estudos e equipamentos necessários para garantir a proteção ambiental. Nossa equipe conhece bem a área, realizando incursões constantes”, afirmou Gustavo Limp, gerente-geral de Licenciamento e Conformidade Ambiental da Petrobras.
O local
Os estudos sobre o potencial petrolífero na Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, estão focados no bloco FZA-M-59, localizado a mais de 2,8 mil metros de profundidade. Segundo a estatal, mais de 3 mil poços já foram perfurados nessas condições sem que houvesse qualquer dano ambiental.
O gerente-geral de Exploração da Margem Equatorial, Marcos Valério Galvão, explicou que o processo de mapeamento do petróleo leva cerca de cinco meses, enquanto os resultados concretos da descoberta demoram anos para serem obtidos. Ele destacou a importância da agilidade na liberação das licenças para que tanto a indústria quanto a população local possam se preparar.
“É uma indústria de ciclo longo e capital intensivo. Demora cerca de 8 anos desde a descoberta até o uso efetivo da riqueza mineral, com projetos de longo prazo e uma vida útil de 30 anos. Acreditamos ser justa a preocupação ambiental. Estamos a 2.880 metros de profundidade, por isso, utilizamos equipamentos de última geração”, finalizou Galvão.
Com a nova estrutura de resposta a acidentes, a Petrobras reforça o compromisso com a segurança ambiental e se aproxima da liberação definitiva para a exploração petrolífera na costa do Amapá, uma região estratégica para o futuro do setor energético brasileiro.