Por MARCELO GUIDO*
Uma singela, mas apaixonada homenagem é do que se trata o poema que segue. É um tributo ao Estádio Municipal Glicério Marques, carinhosamente conhecido como Glicerão ou Gigante da Favela, um patrimônio vivo da cidade de Macapá e, com orgulho, da minha memória de vida e jornalística.
Muita gente não sabe, mas com 75 anos de história – completados nesta quarta (15) –, este estádio é mais velho até mesmo que o icônico Maracanã, e guarda em seu gramado as marcas de grandes momentos do futebol e da cultura amapaense.
Muito mais do que um espaço para jogos, o Glicério Marques é um templo onde lendas do esporte deixaram sua marca. Ali pisaram, com suas pernas tortas e pés mágicos, Mané Garrincha, bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, em uma visita que marcou a memória coletiva da cidade.
Também brilhou no estádio o talento do saudoso Bira, orgulho do Amapá, que fez história no futebol nacional ao vestir as camisas do Fluminense-RJ e do Internacional-RS, Remo-PA, levando o nome de Macapá aos grandes palcos do país.
O Glicerão foi palco de tardes de futebol-arte, de conquistas inesquecíveis e de celebrações apaixonadas. Testemunhou o crescimento da cidade e tornou-se um ponto de encontro para gerações de torcedores, que viveram suas alegrias e frustrações nas arquibancadas. Hoje, ele resiste como um gigante menor, sobrevivendo à passagem do tempo e às adversidades, sustentado pelas lendas, pelos sonhos e pela saudade dos que ainda guardam vivo o amor pelo futebol local.
Este poema é uma homenagem a esse monumento histórico, um clamor pela preservação de sua memória e um lembrete do quanto ele representa para o esporte, a cultura e o coração de Macapá.
Ah, o Glicerão!
Das tardes inesquecíveis de futebol-arte,
Do abandono insensível,
Das traves eternas
E dos gols memoráveis.
Dos títulos incríveis,
De um Mané Torto,
Das camisas extintas,
De memórias intensas.
Da bola, do Bira,
Dos domingos de festa,
Das derrotas embargadas.
Testemunha do crescimento da cidade,
Dos muros marcantes,
De uma época mágica.
Que se foi, que se vai…
Mas tu permaneces, menor gigante,
Mais velho que o Maraca,
Sobrevivendo de lendas e sonhos.
E assim, aos poucos, vai-se a austeridade.
Salve o templo máximo do nosso futebol:
Glicério Marques, 75 anos.
* Marcelo Guido é jornalista, comentarista esportivo, vascaíno e amante do futebol arte.