Por SELES NAFES
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, por unanimidade, aplicar a pena de remoção compulsória ao juiz federal João Bosco Costa Soares, acusado de destratar juízes da corregedoria. A decisão tomada nesta terça-feira (18) encerrou o processo, mas iniciou o julgamento de outro PAD que apura a atuação do magistrado em um processo derivado de uma operação da Polícia Federal no Dnit.
João Bosco comandava a 2ª Vara Federal do Amapá, subordinada ao TRF1. De acordo com o processo julgado hoje no pleno do CNJ, ele foi punido por insultar magistrados da corregedoria que faziam um trabalho de inspeção em processos, e também membros do Ministério Público Federal (MPF).
O relator do processo, conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, avaliou que o magistrado adotou uma “postura dura e hostil, criando um ambiente de difícil convivência na Seção Judiciária do Amapá”.
Para o relator, a remoção do magistrado (a outro estado) possibilita um recomeço em outra comarca, onde ele poderá restabelecer relações de urbanidade, conforme previsto na Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman).
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Juiz João Bosco Soares Foto: Seles Nafes/Arquivo SN
Acusação de quebra de imparcialidade
Durante a mesma sessão, o CNJ também deu início ao julgamento de outro processo disciplinar no qual João Bosco é investigado por quebra de imparcialidade.
O juiz teria concedido de ofício um alvará de soltura a um ex-dirigente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), contrariando uma decisão anterior de outro magistrado. Segundo os autos, João Bosco mantinha relação de amizade com o beneficiado, neste caso o ex-diretor Fábio Vilarinho, e sua decisão foi posteriormente revogada.
Neste segundo processo, o relator do caso, conselheiro Bandeira de Mello, recomendou a aplicação da pena de censura ao juiz por violação ao princípio da imparcialidade. No entanto, o conselheiro João Paulo Schoucair pediu mais tempo para analisar o processo.