Por SELES NAFES, de Brasília
Com 73 votos, o senador Davi Alcolumbre (UB-AP) foi eleito neste sábado (1º) para presidir o Senado e o Congresso Nacional pelos próximos dois anos. Ele precisava de pelo menos 41 dos 81 votos para ser eleito. Apoiado por um arco de partidos poucas vezes visto na República pela diversidade ideológica e tamanho, ele obteve votos das 10 bancadas que dominam os rumos do Legislativo, como PSD (dono da maior bancada), PL, MDB e PT.
A votação foi secreta, com cada senador depositando o voto numa urna. Todos os 81 senadores votaram. Outras quatro candidaturas foram postas: Soraia Tronike (PODE-RS), Marcos Pontes (SP), que divergiu da orientação do PL; Eduardo Girão (Novo-CE), que defendeu o voto aberto mas foi vencido no plenário; e Marcos do Val (PODE-ES). Soraya e Marcos retiraram as candidaturas antes do início da votação.
A votação terminou assim:
Davi Alcolumbre: 73
Eduardo Girão: 4 votos
Astronauta Marcos Pontes: 4 votos
Davi já tinha presidido o Senado Federal e o Congresso Nacional entre 2019 e 2021. Em 2019, chegou a ocupar a presidência da República por três dias, quando assinou o decreto que regulamentou a transferência definitiva das terras da União para o Amapá.
No discurso antes da votação, Davi relembrou momentos marcantes de quando esteve na presidência e da aprovação de medidas fundamentais durante a pandemia de covid-19, e passando pelo auxílio emergencial, novo marco do saneamento e pela reforma da Previdência.
“Provamos que esta Casa é capaz de ser ágil, eficiente e sensível às necessidades do povo brasileiro. Com apoio dos senadores, tomamos decisões corajosas. Foram tempos difíceis, mas o Senado foi parte importante da solução”, recordou.
“O Brasil ainda enfrenta os ecos da intolerância e da radicalização. Adversários são tratados como inimigos. Os discursos de ódios e as agressões contaminam as redes sociais. Precisamos reconstruir pontes e lembrar que adversários são parceiros no debate democratico”, acrescentou.
O novo presidente do Congresso disse que é credenciado pelo desafio da pacificação, reunião e reconstrução. Para ele, não haverá futuro se não houver diálogo, respeito, democracia forte, sem um Congresso livre, firme, e um Senado soberano e independente.
“A eleição do Davi não é só importante para os seus aliados, mas para o Amapá. Quando ele foi presidente ele ajudou o Amapá inteiro, e como articulador continuou ajudando. Imagina agora retornando como muito mais experiência”, avaliou o governador do Amapá, Cléci Luís, que foi a Brasília acomanhar a votação.
Trajetória
Davi Alcolumbre tem 47 anos. É macapaense, judeu e casado. Começou na vida pública aos 21 anos como vereador de Macapá no ano 2000, filiado ao PDT. Em 2002, foi eleito deputado federal e reeleito em 2006, já no PFL. Em 2009, chegou a se licenciar para ser secretário de Obras da prefeitura de Macapá, na gestão de Roberto Góes.
Em 2012, perdeu a campanha para a prefeitura de Macapá, mas foi eleito senador em 2014, derrotando Gilvam Borges, então candidato do grupo de José Sarney. Em 2018, perdeu a eleição para o governo, mas foi eleito presidente do Senado no ano seguinte e renovou o mandato de senador em 2022.