Por SELES NAFES
O motorista do ônibus que atropelou e matou um idoso de muletas, no bairro do Zerão, zona sul de Macapá, falou sobre a tragédia. Com mais de cinco anos de profissão (o nome não será ainda divulgado), ele relatou os segundos que antecederam o acidente e como se sentiu depois ao ver a vítima esmagada no asfalto, mas ainda viva.
Aos colegas, o motorista da Nova Macapá informou que não percebeu a aproximação da vítima. Num vídeo de segurança, é possível ver o idoso acenando e se aproximando pela parte da frente do veículo.
No entanto, colegas de profissão do motorista afirmaram ao Portal SN que a vítima passou por um ponto cego para o motorista, na frente do painel de direção do veículo, que seria muito alto.
“Essa é uma característica desses ônibus, o ponto cego. Mas ele e todos os motoristas do Amapá são qualificados pela Escola de Motoristas do Sest/Senat”, explica o diretor do Sindicato dos Rodoviários, Max Délis.
O sindicato ofereceu ajuda jurídica ao motorista, e a entidade sugeriu à Nova Macapá que adiantasse o período de férias dele para que recebesse atenção psicológica e tentasse se recuperar.
O sindicato voltou a criticar a dupla função dos motoristas, que desde 2021 passaram a acumular a função dos cobradores. No entanto, Max não deu certeza de que o motorista teria se distraído ao passar troco ou ao passar o cartão de algum passageiro no leitor do ônibus.
“A função do motorista hoje é essa: tem que dirigir e passar troco. Liguei pra ele. Tava muito chocado, mas estava consciente do que havia ocorrido. O principal agravante foi o ponto cego do ônibus”, comentou o sindicato.

Max Delis: sindicato pediu que empresa antecipe férias do motorista envolvido no acidente. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN
“Não saio para matar ninguém”
O motorista também falou sobre o acidente.
“Eu tô em choque. Não saí de casa pra matar ninguém, tenho filhos pra sustentar. Batalho pra sustentar meus filhos e não pra tirar a vida de ninguém”, desabafou.
“A cena foi chocante. Eu me desesperei com a cena, e tô assim porque soube da morte desse senhor. Ele já era um senhor e não resistiu”, lamentou.
“Nunca pensei que iria acontecer isso comigo, mas aconteceu. Prestei todo socorro no momento”, acrescentou o motorista, que permaneceu no lugar do acidente até a chegada do socorro e da polícia.
A CTMac notificou a empresa Nova Macapá a prestar esclarecimentos sobre o acidente. Até agora, não há informações sobre o sepultamento de Manoel de Melo Araújo, de 61 anos. O sindicato apurou que a família dele é de outro estado e que a vítima morava sozinha no Amapá.