Por SELES NAFES
Mais de oito meses após o encerramento da programação cultural do Macapá Verão 2024, diversos artistas locais ainda aguardam o pagamento de seus cachês por apresentações realizadas em eventos organizados pela Prefeitura de Macapá. A denúncia, feita por profissionais da dança que preferem não se identificar por medo de represálias, revela um cenário de abandono e falta de respeito com a classe artística da cidade.
Em 2024, a prefeitura pagou altos cachês para artistas nacionais, como Joelma e Simone Mendes, além de Pedro Sampaio. Do Pará, veio a aparelhagem Super Pop. Aos artistas locais, A Fumcult lançou um edital e contratou dezenas de apresentações.
“Gostaríamos de fazer uma denúncia em nome de muitos artistas locais. A Secretaria de Cultura do município (Fumcult) está há meses em atraso com os pagamentos. Enquanto isso, quando artistas de fora se apresentam, o pagamento acontece quase de forma imediata”, diz um dos relatos enviados à redação.
“O grande problema é que não podemos nos expor muito, se não o nosso grupo entra numa lista negra na FUMCULT, até mesmo em editais ou algo do tipo. Os cachês são via credenciamento artístico: fazemos a apresentação e o pagamento (deveria) sair após 30 dias”, acrescentou.

Joelma se apresentou no Macapá Verão de 2024
Segundo os denunciantes, os compromissos firmados com grupos de dança e outros profissionais da cultura local durante o Macapá Verão foram plenamente cumpridos pelos artistas — que participaram dos ensaios, realizaram apresentações e atenderam todas as exigências previstas em contrato. No entanto, até o momento, não houve retorno da Fundação Municipal de Cultura nem previsão para quitação dos valores devidos.
“Nos apresentamos em dezembro de 2024 e, até agora, estamos há meses aguardando o pagamento. Infelizmente, essa não é uma situação isolada. Vários grupos e artistas locais estão passando pelo mesmo”, afirma outro artista.

Alguns trechos do diálogo com artistas que ainda aguardam pagamentos dos cachês
Fumcult é alvo de críticas
A Fundação Municipal de Cultura está atualmente sob a gestão do vereador licenciado Caetano Bentes. A insatisfação da classe artística é ainda maior diante do fato de que, mesmo com pendências financeiras, a prefeitura já anunciou novos editais e atrações para a programação da Semana Santa, sem antes resolver os compromissos anteriores.
“A gente se sente desvalorizado. Trabalhamos, cumprimos tudo, e agora somos ignorados. Muitos vivem exclusivamente da arte, e esse atraso compromete a sobrevivência de famílias inteiras. Precisamos ser tratados com respeito”, desabafa outro integrante de um grupo artístico.
“Queremos apenas o que é justo: receber pelo trabalho que realizamos. A arte local precisa ser respeitada e valorizada, e não tratada como secundária”, conclui um dos relatos.