Por JONHWENE SILVA, de Santana
Centenas de pessoas se reuniram no município de Santana, a 17 quilômetros de Macapá, nesta terça-feira (8), em um ato público comovente para pedir justiça pela morte da estudante de Medicina Jenife Silva, de 37 anos.
Mãe de um casal de adolescentes, ela foi assassinada na semana passada em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde fazia faculdade.
Familiares, amigos, autoridades e pessoas da comunidade em geral que se solidarizaram com o caso participaram da mobilização e exigiram medidas rigorosas contra o autor do crime.
A manifestação aconteceu na Praça do Fórum e foi marcada por muita comoção. Vestidos de preto e segurando cartazes com mensagens de dor e clamor por justiça, os participantes foram às lágrimas em diversos momentos, em meio a abraços apertados e palavras de consolo. O clima era de indignação, tristeza profunda e união pela memória de Jenife.
Os pais da estudante e uma de suas irmãs não conseguiram estar presentes devido ao forte abalo psicológico causado pela tragédia. A ausência da família mais próxima intensificou mais o sentimento coletivo de dor entre os que estiveram na praça.

A manifestação aconteceu na Praça do Fórum e foi marcada por muita comoção. Fotos: Jonhwene Silva

Autoridades participaram da manifestação
Prima da estudante, Cirlene Fernandes, falou em nome da família e emocionou os presentes ao reforçar o compromisso de todos em lutar até que o responsável pelo crime seja punido.
“É inegável o sentimento de dor, sofrimento e indignação que todos nós estamos sentindo. Não dá para admitir essa irresponsabilidade das autoridades bolivianas. Queremos justiça e vamos até as últimas consequências para que o culpado pague. A justiça precisa ser feita”, declarou a prima da vítima, com a voz embargada.
Durante o ato, autoridades locais reforçaram a necessidade de que o governo brasileiro, por meio da embaixada na Bolívia, atue com firmeza para garantir a apuração correta do caso e evitar a impunidade.

Vestidos de preto e segurando cartazes com mensagens de dor e clamor por justiça…

… os participantes foram às lágrimas em diversos momentos
O presidente da Comissão de Combate ao Feminicídio da Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá (OAB-AP), Cícero Bordalo, afirmou que a instituição pretende agir diretamente para que o crime não caia no esquecimento.
“Não vamos deixar que notícias mentirosas manchem a imagem da Jenife. Vamos solicitar junto ao Ministério das Relações Exteriores para que seja realizada a reconstituição do caso e vamos pedir a exumação do corpo. Com o laudo teremos a real situação desse caso”, enfatizou Bordalo.
Outro familiar que se manifestou foi Maic Bezerra, cunhado da vítima. Ele explicou que a namorada de Jenife e dois tios estão em Santa Cruz de La Sierra, buscando mais informações sobre o assassinato.

Comissão de Combate ao Feminicídio da Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá apoiou o movimento

Em cada rosto …

… estava o sentimento de indignação e justiça
“Nesse momento de luta e consternação, esse ato aqui serve principalmente para chamarmos a atenção das autoridades brasileiras de um caso brutal e que vitimou uma brasileira. O Ministério das Relações Exteriores precisa cobrar as autoridades bolivianas, que de certo modo, estão fazendo ‘vista grossa’. Não vamos desistir de buscar justiça”, declarou Maic.
A manifestação terminou sob aplausos, orações e um apelo coletivo para que a morte de Jenife não fique impune. Entre lágrimas e gritos por justiça, ficou claro que a dor da perda se transformou em força para cobrar respostas e para manter viva a memória de uma jovem cheia de sonhos.

Vítima estudava medicina na cidade boliviana. Fotos: Redes Sociais

Natural de Santana, no Amapá, Jenife, de 37 anos, era uma mulher cheia de sonhos
A família espera que o caso ganhe repercussão nacional e gere ação diplomática entre Brasil e Bolívia para acelerar os esclarecimentos que ainda não foram dados pela polícia e por outras autoridades bolivianas.
Acusado
Um adolescente de 16 anos foi capturado como autor do crime menos de 24 horas depois, já no dia 4. Á última informação que a família soube é que ele teria sido enviado a uma colônia agrícola de reabilitação para jovens infratores. Depois disso, as autoridades do país não se manifestaram mais.