Por OLHO DE BOTO
O homem responsável pelo tiro de cartucheira que tirou a vida do ex-conselheiro tutelar do município de Tartarugalzinho, Edinaldo dos Reis Santos Júnior, de 34 anos, se apresentou, nesta terça-feira (22), à Polícia Civil do Amapá e confessou o crime ao delegado responsável pelo caso, Paulo Moraes.
O homicídio, ocorreu na noite do último domingo (20), no Bairro Goiabal, zona oeste de Macapá. A polícia não divulgou o nome do acusado. No entanto, a reportagem do Portal SN apurou que se trata de José do Carmo Castelo Soares, de 52 anos. Ele é proprietário da casa onde fica situada a amassadeira de açaí a qual a vítima foi morta em frente.
Castelo também é pai da policial militar que estava sendo acusada pela esposa da vítima após boatos de populares e comentários irresponsáveis de internautas em redes sociais – que agora poderão até ser processados.

Cena do crime foi isolada pela PM. Foto: Olho de Boto/SN
O delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Leonardo Leite, falou com a imprensa sobre as investigações e o depoimento de José Castelo, que prestou esclarecimentos acompanhado de seu advogado.
Segundo o delegado, o acusado afirmou que a motivação para o disparo teria sido a tentativa de invasão à sua propriedade, onde estavam, naquele momento, apenas ele e a esposa.
“Ele alegou, em interrogatório, que a vítima estaria tentando invadir a casa dele, onde também tem uma amassadeira de açaí, e que a vítima já teria entrado na amassadeira, mas não teria conseguido ainda entrar na casa. Inclusive, segundo o que consta em informações do inquérito, existia a marca de uma sandália indicando que tinham tentado arrombar a porta através de um chute”, relatou o delegado, com base em informações do depoimento do acusado.

Vítima foi morta em frente à amassadeira de açaí. Foto: Olho de Boto/SN
Leonardo Leite revelou, ainda, que José Castelo contou ter visto a esposa segurando a porta para evitar a entrada do intruso. Foi neste momento que o dono da casa se armou, saiu por uma porta traseira e tentou afugentar o estranho – segundo consta no depoimento. Contudo, a arma não teria intimidado Edinaldo, que partiu para cima de José Castelo, foi quando o disparo aconteceu.
José Castelo também ressaltou no seu interrogatório que a vítima aparentava estar extremamente embriagada, corroborando com informações iniciais levantadas pela polícia, de que o ex-conselheiro havia passado o dia ingerindo bebida alcoólica na residência de um amigo, no mesmo bairro onde ocorreu o homicídio.
A arma usada no crime foi uma cartucheira artesanal, que o acusado tinha há mais de 20 anos. Ele afirmou que usava o armamento, de calibre 36, para caçar. O tiro atingiu o peito de Edinaldo dos Reis.
Após o tiro, José Castelo fugiu e se escondeu em um matagal nas proximidades. Ele ficou lá por um tempo e depois foi para outro lugar, deixando a arma do crime para trás. Até a publicação desta reportagem, a cartucheira ainda não havia sido encontrada pela polícia.

Edinaldo dos Reis tinha 34 anos
Após ser ouvido, o acusado foi liberado.
“Ele se apresentou espontaneamente, já fora do flagrante”, explicou o delegado Leonardo.
Outros depoimentos
Além de José Castelo, também foram ouvidas outras testemunhas, entre as quais estavam a esposa da vítima e a filha do acusado, uma policial militar – até o momento, falsamente acusada de ser a autora do crime. A esposa do acusado também foi ouvida e, segundo o delegado Leonardo Leite, as declarações dela confirmaram a versão do marido.
O delegado titular da DHPP também informou que as investigações comprovaram que a policial, filha do acusado, chegou na casa após saber do ocorrido, avisada por familiares.

Delegado Leonardo Leite, tirular da DHPP
Em vídeos que circularam nas redes sociais momentos após o crime, a esposa do ex-conselheiro tutelar aparece acusando a policial militar de ser a atiradora. A respeito disto, o delegado informou que, em depoimento, ela afirmou ter ouvido essa informação – de que seria a policial a autora do disparo – de populares que estavam aglomerados ao redor da cena do crime.
“Porém, no momento do depoimento, ela não soube indicar quem seriam essas pessoas”, informou o delegado.
Cancelamento virtual
A morte do ex-conselheiro Edinaldo dos Reis gerou comoção e muitas especulações nas redes sociais, em especial à policial militar que estava sendo acusada. O delegado Paulo, que declarou o proprietário do local como principal suspeito antes mesmo dele ter se apresentado e confessado o homicídio, chegou a sofrer um linchamento virtual de internautas que desconfiavam, sem provas, que a policial era a atiradora. No entanto, as investigações mostraram que Paulo Moraes estava certo.

Delegado Paulo Moraes preside o inquérito policial. Foto: Olho de Boto
Sobre esse cancelamento virtual, o delegado Leonardo Leite fez um alerta a internautas que postam conteúdos especulativos, acusatórios e sem comprovação.
“Houve vários comentários na internet falando mal do trabalho do delegado Paulo, que estava certo … É bom avisar, aqui, para a população que a internet não é terra sem lei. O que você falar, sem provas do que você está falando, pode ter consequências jurídicas”.