Por RODRIGO DIAS
Uma ação conjunta envolvendo ribeirinhos, a Companhia Fluvial do Batalhão Ambiental de Polícia Militar do Amapá e especialistas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) resultou no resgate de um filhote de peixe-boi na comunidade de São Bernardo, localizada no município de Afuá, no estado do Pará, nesta segunda-feira (7).
O animal foi encontrado encalhado por moradores da região, que agiram rapidamente ao acionar as autoridades competentes. Após o contato inicial, a equipe de serviço da Companhia Fluvial do Amapá se mobilizou e, com o apoio de especialistas do IEPA, realizou o transporte seguro do filhote da remota comunidade para as instalações da Companhia Fluvial em Macapá.

Saúde do animal está sendo monitorada

Filhote em extinção alimentado
Segundo o capitão Eduardo Araújo, comandante da Cia Fluvial, o próximo passo é encaminhar o peixe-boi para o Bioparque da Amazônia, também situado na capital amapaense.
“Estamos em tratativas para garantir que o filhote receba todos os cuidados necessários para o seu desenvolvimento em um ambiente adequado”, afirmou o capitão.
A avaliação inicial da equipe do IEPA revelou que o filhote é um recém-nascido, com aproximadamente 30 dias de vida. Uma descoberta intrigante chamou a atenção dos biólogos: a forte suspeita de que se trata de um espécime híbrido, resultado do cruzamento entre o peixe-boi amazônico e o peixe-boi marinho.

Animal foi regatado com apoio da polícia

A avaliação inicial da equipe do IEPA revelou que o filhote é um recém-nascido
“O peixe-boi amazônico tipicamente possui uma mancha branca na região ventral, enquanto a espécie marinha apresenta algumas unhas nas nadadeiras peitorais. Este indivíduo não exibe nenhuma dessas características, o que nos leva a crer que seja um híbrido. No entanto, para uma confirmação precisa, será indispensável realizar uma análise genética do animal”, explicou Rodnei Silva, cientista ambiental do IEPA que participou da operação de resgate.
A ocorrência é de grande relevância para a ciência, uma vez que ambas as espécies de peixes-boi estão classificadas como ameaçadas de extinção. Este possível caso de hibridização, embora raro, sublinha a importância dos esforços de conservação dessas espécies vulneráveis.

Há suspeita de que se trata de um espécime híbrido, resultado do cruzamento entre o peixe-boi amazônico e o peixe-boi marinho
Atualmente, o filhote de peixe-boi encontra-se em um tanque seguro na Companhia Fluvial, onde está sendo cuidadosamente monitorado e recebendo os primeiros cuidados veterinários. O animal apresenta um bom estado geral de saúde, o que aumenta significativamente as chances de uma adaptação bem-sucedida ao seu futuro lar no Bioparque da Amazônia.
A expectativa é que o filhote híbrido possa fornecer informações valiosas para o avanço do conhecimento científico sobre essas espécies e contribuir para o desenvolvimento de estratégias de conservação mais eficazes na região amazônica.