Da REDAÇÃO
Diante da alta demanda por atendimentos de crianças e adolescentes com síndromes respiratórias, o Governo do Amapá declarou, nesta terça-feira (20), situação de emergência em saúde pública.
A medida foi tomada após o aumento expressivo no número de casos registrados em unidades da rede estadual, especialmente na capital, Macapá, e no município de Santana, afimou o estado ao anunciar a medida.
O cenário mais crítico está nos hospitais voltados ao atendimento infantil. O Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) e o Pronto Atendimento Infantil (PAI) operam com 100% de ocupação nos leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Somente no PAI, entre abril e 20 de maio, foram registrados 1.215 atendimentos de crianças com síndrome gripal e 257 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aponta um aumento de 25% nas internações em relação à semana anterior.
Além dessas unidades, a maternidade Hospital da Mulher Mãe Luzia também registra aumento de casos. De janeiro até o dia 21 de maio, foram atendidos 51 recém-nascidos com sintomas respiratórios — 14 necessitaram de internação em UTI Neonatal e 4 chegaram a ser entubados. Segundo a direção da unidade, a maioria dos bebês contraiu os vírus em casa, após receber alta hospitalar.

Somente no PAI, entre abril e 20 de maio, foram registrados 1.215 atendimentos de crianças com síndrome gripal
No interior do estado, o Hospital Estadual de Santana também enfrenta sobrecarga. Entre abril e 20 de maio, 3.044 pacientes deram entrada na unidade com sintomas gripais. Em resposta ao crescimento dos casos, a direção da unidade reforçou ações educativas e campanhas de conscientização, com foco em higiene, vacinação e prevenção durante o inverno amazônico.
A Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) classificou o estado em nível de alerta ou risco para surtos de SRAG. Os principais agentes identificados são o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por casos de bronquiolite, além dos vírus Influenza A e B, e da Covid-19.
Com o decreto de emergência (nº 5748/2025), o governo estadual passa a adotar medidas emergenciais, como a ampliação de leitos hospitalares, reorganização do fluxo de atendimento e adaptação de salas vermelhas, destinadas ao suporte avançado à vida, e salas brancas, com controle ambiental rigoroso para minimizar a contaminação cruzada entre pacientes.
A secretária de Saúde do Amapá, Nair Mota, reforça que, apesar do crescimento dos casos já ser esperado para o período de inverno amazônico, o volume atual está acima do previsto.

De janeiro até o dia 21 de maio, foram atendidos 51 recém-nascidos com sintomas respiratórios. Foto: Arquivo/SN
“O governador Clécio Luís está comprometido em tomar todas as medidas necessárias para garantir assistência à população. Mas é fundamental que as famílias façam sua parte, adotando os cuidados básicos de prevenção”, afirmou a secretária.
O decreto estadual tem como base o Alerta Epidemiológico nº 8, emitido em 15 de maio pela SVS, e o Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que apontam tendência de alta nos casos respiratórios em todo o país. A situação também atinge parte da rede privada de saúde no estado.